segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Corto Maltese: A Balada do Mar Salgado


Antes de mais, fica aqui o meu desejo para todos «que este ano seja um ano cheio de leituras de boa banda desenhada» ou, ainda melhor que «este ano venham a conhecer novas e melhores formas de se contar e desenhar histórias». É verdade que não começou bem, mas enfim...

E vou começar o ano assim, com uma homenagem a um dos meus autores preferidos de banda desenhada até porque, ao fazê-lo, estou ao mesmo tempo a reviver as fábulas de uma das personagens que mais me influenciaram ao longo destes anos: Corto Maltese por Hugo Pratt.

E vou começar precisamente pela obra A Balada do Mar Salgado até porque, cronologicamente (publicada entre 1967-1969), é a peça de abertura para o texto épico que se viria a desenrolar até à década de 90. Se aqui o denomino de épico não será tanto pelo carácter heróico dos seus personagens «que na maior parte das suas vezes, são tudo menos heróis» mas mais pelo carácter devastador das suas acções, que tanto a nível físico como a nível da sua psicologia, nos levam a embarcar num mundo de consequências grandiosas: ao mesmo tempo letais; ao mesmo tempo mágicas.

Corto Maltese é isso mesmo, um jogo de personagens complexas, não meras formas icónicas ou ideias que representam o homem característica a característica «bom/mau», «feio/bonito», «rebelde/conformado», mas um todo conjunto, espectro de ideias que nos definem a personalidade tal qual como é «conferindo espessura ao argumento, mas não só, dando-lhe também veracidade».

A Balada do Mar Salgado decorre algures ao largo da Papua e nela é desenhada uma história de pirataria moderna, de eventos que terão decorrido pouco antes, e durante o começo da I Guerra Mundial. É também uma narrativa inserida dentro de um jogo de xadrez de potências, no teatro pré grande guerra, onde se começam a impor as forças quase que imperiais que eram: os ingleses; os alemães; ou os japoneses. Algures, no limbo que é a cartografia deste espaço, existe uma ilha denominada de "escondida", que é comandada por uma figura misteriosa chamada apenas de monge que, acreditando nas histórias contadas pelos aborígenes, tem mais de 200 anos. A verdade é mais plausível, quem sabe, não interessa...

Depois, são-nos apresentadas algumas das personagens principais que nos vão acompanhar ao longo do trabalho de Hugo Pratt: Corto Maltese, o marinheiro que não necessita de apresentação; Rasputine, pirata psicopata, melhor amigo de Corto Maltese; os irmãos Cain e Pandora, que são recolhidos após uma terrível tempestade e um naufrágio. Se o espectro ou a expectativa de guerra nos introduz um factor de caos à narrativa, pelo menos algumas coisas se mantém constantes: a calma placidez do Pacífico; a fúria das suas ondas gigantescas e destroços; o destino de Corto Maltese, pois que, o nosso quase-que-herói, aquando pequeno, pegou numa faca e desenhou a sua própria linha da vida na palma.





























O traço, é um traço simples  mas muito rico e eficaz, a preto e branco, muitos de vós já o devem conhecer, quanto a mim, nunca me deixa de surpreender.

Dizer mais do que isto, estaria a contar-vos de novo a Balada do Mar Salgado. Leiam.

4 comentários:

  1. Bom artigo,apesar de nunca ter lido nada do personagem.

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  2. Corto Maltés siempre ha sido un clásico indiscutible. Quizás un día me anime a reseñar alguna de las historias de Hugo Pratt.

    Saludos.

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  3. Obrigado Optimus Primal, se estiveres para aí virado aconselho a Balada do Mar Salgado, é um bom livro para começar.

    Para mim é sempre um prazer poder voltar rever a obra de Hugo Pratt Arion, cumprimentos.

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  4. Arion
    De facto Corto Maltese é um clássico! E merece um resenha de todos quantos gostam de comics! E tu fazes boas resenhas.
    ;)
    ;)

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