sábado, 7 de fevereiro de 2015

Máquina do Tempo: JLI, os primeiros anos


Foi um dos títulos que mais prazer me deu ler, a prova disso é ser das poucas revistas da editora Abril que comprei do primeiro ao último número, tal o gozo que me dava acompanhar as aventuras da Liga da Justiça Internacional. A prova que o humor tinha lugar nas revistas de super heróis, sem cair na paródia nem deixar de lado a acção e a aventura.

A DC passava por grandes mudanças na segunda metade da década de 80, depois do mega evento Crise nas Infinitas Terras, muitos dos seus principais personagens passaram por mudanças extremas, alguns deles recebendo novas origens e um recomeço absoluto, como era o caso do Super-Homem de John Byrne. Parecia ser então a altura certa para uma nova Liga da Justiça, que surgiria das páginas da saga Lendas e usaria alguns dos heróis aí presentes. Keith Giffen foi o escolhido para escrever as histórias, e apesar deste querer um regresso às origens e usar os 7 grandes heróis da liga, foi-lhe dito que isso não seria possível e este só conseguiu o Batman (muito devido à pena que o editor Denny O'Neill teve dele) e o Caçador de Marte.

O editor da Liga era Andy Helfer, que era também editor dos Lanternas Verdes e sugeriu a utilização do Guy Gardner, uma personagem recente que tinha tido algum destaque em crise. Giffen recrutou a ajuda de JM DeMatteis, e como ambos estavam a produzir a série do Sr.Destino, decidiram utilizar o mago na Liga também, juntando assim mais uma personagem estabelecida no Universo DC. A Canário Negro era a ligação ao passado da equipa, sendo que o Capitão Marvel seria o peso pesado do grupo que teria ainda a participação (curta) da nova Dra. Luz, do Besouro Azul e do Senhor Milagre, um herói que estava preso no esquecimento.

Giffen achou que poderia ter alguns problemas com esta mistura de novos heróis com outros da velha guarda, afinal foi esse um dos maiores problemas na prévia incarnação da Liga, e lembrou-se então de usar o humor para contrariar aquele tom sério e urbano que assolava as duas grandes editoras de comics. Canário teria apenas uma mudança, viria a assumir um papel de uma ferrenha feminista, Batman e Sr.Destino teriam não seriam diferentes na sua personalidade (a não ser uma enorme paciência), mas tudo o resto iria ser moldado por Giffen e DeMatteis. Besouro seria o palhaço do grupo, dando mesmo assim laivos de grande inteligência, Gardner o machão Rambo, Capitão Marvel era igual à criança ingénua que era na verdade, e o Sr Milagre seria o faz tudo da equipa.


Os primeiros números focavam muito na interacção das personagens, o conceito família com suas discussões e confusões era explorada ao limite e a arte de Kevin Maguire ajudava a dar um carisma a toda a equipa e a ficarmos ainda mais apaixonados a cada página que víamos. A qualidade das suas expressões faciais davam outra dimensão ao humor pretendido, e sem sombra de dúvida contribuiu para o seu sucesso.

Foi preciso a personalidade dominante de Batman para acalmar as discussões e liderar a equipa, tomando as rédeas desta desde o primeiro encontro na caverna da antiga liga e comandando a primeira missão onde eles salvam os membros das nações unidas de um grupo terrorista. Nas edições seguintes vemos como a equipa podia enfrentar grandes desafios, quando vão enfrentar um grupo de 3 heróis que vinha de uma dimensão paralela e ajudavam um ditador iludido (que se viria a tornar um vilão recorrente) de um país chamado Bialya que os convenceu a ir desligar as usinas nucleares da Rússia.

O problema para a Liga surge quando os Sovietes Vermelhos, um grupo criado pela Rússia para responder aos super heróis Americanos, querem tratar eles disso e entram em confronto com os nossos heróis, em especial contra um Rambo com anel verde. As coisas resolvem-se e a equipa tenta então descobrir o que o misterioso Maxwell Lord queria com eles, já que estava por detrás de muita coisa que estava a acontecer e apareceu com um herói chamado Gladiador Dourado e pretendendo que este fosse tornado membro da Liga da Justiça da América.


Gladiador viria a tornar-se o parceiro ideal para o Besouro Azul e ambos viriam a ser protagonistas de alguns dos momentos mais cómicos do grupo, com o famoso "BWA hahaahaha" a entrar em acção. As primeiras edições tinham bons momentos de humor mas também boas cenas de acção, o número em que o Gladiador entra e enfrenta a Gangue das Espadas mostra um confronto bem interessante, assim como a edição mais séria que leva a equipa ao seu primeiro confronto com o sobrenatural enfrentando o Homem Cinza.

Isto tudo após um dos melhores momentos do 1º ano desta equipa criativa, o facto de colocarem o Batman a derrotar o Lanterna com apenas um murro, numa sequência de painéis bastante interessantes e que viriam a criar uma mudança completa na personalidade de Guy. Este fica extremamente dócil e muito mais calmo do que era no início, o que não viria a ser a única mudança na equipa, que viria a perder alguns integrantes e a conseguir outros. com a entrada do Capitão Átomo e do Soviete #7 para acompanhar o apoio das Nações Unidas e formarem assim a nova Liga da Justiça Internacional.

Como não gosta de estar na ribalta, Batman decide deixar a liderança e propor que o Caçador de Marte se tornasse o líder da equipa. A partir da sétima edição há uma mudança no logotipo da revista, incluindo a Brasileira, para assumir mesmo essa particularidade. A revista brasileira seguia com algum sucesso, muito por culpa de um bom mix, juntando na mesma revista a fase bastante interessante do Esquadrão Suicida de Ostrander, que curiosamente viria a ter um encontro com a liga, muito por culpa do Batman.

Pelo meio vinha a primeira participação numa mega saga da DC, Milénio, que viria a revelar que um dos membros do grupo era um Caçador e ainda uns números a mostrar a origem de Maxwell Lord, de como este era um sacana ambicioso mas que na verdade tinha um bom coração e Oberon, o anão que acompanhava o Sr Milagre, ajudava a que ele tivesse outra visão sobre as coisas.

No confronto com o Esquadrão assistimos a grandes momentos, especialmente a luta entre Batman e Rick Flagg, e foi depois deste encontro que o morcego abandona a equipa, juntado-se assim a Sr. Destino e Capitão Marvel que há muito tinham desistido do grupo.

Depois de tantas ameaças mundanas, e com o bom desempenho que os elementos da equipa tinham tido em Milénio, chega a altura do grupo ir para o espaço, mas isso fica para o próximo artigo.

Já sabem que podem sempre visitar o meu blog Ainda Sou do Tempo para mais viagens ao passado.








4 comentários:

  1. Um dos raros casos aonde eu não gostei tive o 1 o de Batman Bond,e poucos mais como na ilha do Bssouro e Gladiador.

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  2. A fase inicial da Liga Internacional é a melhor. Quando se separou em Liga da Justiça América e Liga da Justiça Europa, perdeu-se um pouco das relações entre personagens, que se foram espalhando. Mas enquanto estiveram os membros originais da Liga Internacional, houve um excelente equilíbrio entre humor, relações pessoais e aventura.

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  3. Ainda recordo com saudades o arco no qual a liga da justiça internacional enfrenta o supergrupo de vilões "extremistas" da terra 8. Os extremistas conseguem viajar para o universo da liga e tomam posse de todas as bombas nucleares. Desse modo garantem que nenhum meta humana os desafie, excepto a liga internaconal que acaba por ser derrotada e teleportada para a terra 8, onde descobrem um planeta completamente dizimado e sem um único sobrevivente humano....ou quase :)

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