terça-feira, 14 de abril de 2009
Murena
Estamos em Roma, ano 54 DC, o ano do assassinato do Imperador Cláudio e da subida ao poder de Nero, seu filho adoptivo. Murena, série histórica conta-se entre as melhores adaptações desta época à Banda Desenhada. O rigor artístico do belga Philippe Delaby é extraordinário, o seu desenho demonstra muito estudo da época. Hesitante ainda no primeiro livro, tal como a colorista Béatrice Delpire, no segundo já mostra grande desenvoltura e segurança no seu traço, não sendo de estranhar a este melhoramento a mudança de colorista, que passou a ser André Benn.
Jean Dufaux, já falado neste blog com a série Rapaces, tem nesta época material de sobra para fazer uma estória, e faz! Com tanta intriga, corrupção, politiquice e sede de poder misturados com sangue e areia, Dufaux parte de todo este contexto histórico para uma estória com alguma ficção, mas contendo uma base verídica muito forte. Isto transmite muita solidez ao argumento, sendo que o personagem que dá o nome à série seja ficcional! Dufaux em vez do mais fácil, que seriam as legiões romanas e as suas grandes batalhas extramuros, foca-se dentro de Roma, com todo o seu jogo de poder. Adorei o trabalho dele ao fazer de Agripina um ser autênticamente monstruoso!
Em português estão editados dois volumes de um total de seis, são eles:
- A Púrpura e o Ouro (Asa)
- A Areia e o sangue (Asa)
- La Meilleure des Mères (Dargaud)
- Ceux qui vont Mourir... (Dargaud)
- La Déesse Noire (Dargaud)
- Le Sang des Bêtes (Dargaud)
Os quatro primeiros livros encerram o chamado "Ciclo da Mãe", do qual eu gostaria de ver desenvolvimentos este ano pela ASA.
Fazendo o "plot" destes dois livros editados em português, Cláudio está no poder casado com Agripina, tendo este facto como consequência a adopção de Nero por parte do Imperador. Cláudio tinha mais dois filhos de Messalina (sim, a célebre...), sendo um destes, Britânico, protagonista e vítima das intrigas neste dois primeiros tomos. Cláudio começa a afastar-se de Nero e a aproximar-se do seu filho de sangue, isto ao mesmo tempo que passa cada vez mais tempo com a sua amante secreta, Lolia, mãe de Murena. Este nunca aceitou muito bem ser filho bastardo de Cláudio, ignorando o mais possível o pai. Agripina sente que começa a perder terreno e toma as devidas precauções... manda assassinar Lolia e envenena Cláudio. Ao mesmo tempo, Nero, fazendo uso do seu poder, toma como sua uma escrava prostituta: Acté. Históricamente foi a personagem que sempre foi fiel a Nero, sendo ela a fazer o seu funeral.
Centrando-nos na estória de Murena, descubra de que modo Agripina maquina toda uma série de acontecimentos que levarão Nero ao poder, e de como ela espera ser o verdadeiro poder.
Fazendo a comparação com outra série de cariz histórico, Alix, eu acabo por gostar mais de Murena. É mais real, mais suja e não cabe dentro do estilo "linha clara" de que Alix faz parte e de que eu não gosto particularmente!
Esqueci de referir mais atrás que as capas são espantosas, e espero sinceramente que a ASA não se esqueça desta série de excelência.
Boas leituras!
Hardcover
Criado por Jean Dufaux e Philippe Delaby
Editado entre 2004 e 2005 pela ASA
Comprado na Livraria Castil e na Bulhosa
Nota : 10 em 10
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10 em 10. Deve ser mesmo boa esta serie. ;)
ResponderEliminarE tens razão quanto às capas, gostei da Medusa na capa que apresentas. :D
Abraço. :)
Porque é que no primeiro livro é hesitante, os desenhos estão tremidos, é?
ResponderEliminarOCP
ResponderEliminarSim a série é mesmo boa, se puderes tenta obter!
Rafeiro
Hesitante porque não sabia onde por o lápis!
:P
Já conhecia de nome, mas não tinha esta noção da qualidade da série. Obrigado
ResponderEliminarComprar, para quê?! Só se tiverem algum gosto por séries inacabadas. Todos para a Alliance Française, e é já.
ResponderEliminarNunca gostei de "bater" nos fraquinhos, mesmo quando merecem um bom puxão de orelhas. Mas nos musculados fanfarrões, sempre gostei de lhes dar uns "cascudos" nas orelhas. É o caso da ASA: um gigante editorial, fazendo parte de um avassalador grupo, que tem tipografia própria e parece que se esfalfam a trabalhar. É pena eu não sentir isso. Este ano vamos ter, imaginem... mais Lucky Luke, mais Astérix, e talvez algo para nos calarmos. Gostei de aplaudir o "Quatro?", fim da tetralogia do Monstro; também adorava aplaudir a continuação da Murena e outros (alguns, poucos), mas se recomeçarem agora, só daqui a dez anos é que apanharemos a edição Francesa.
Já o Bórgia é a mesma história...tretas ou intenções mal estudadas! Gostava de engolir estas palavras, deveras que gostava.
E o processo de insolvência da Meribérica?! Ainda decorre?!
Vamos mas é a apresentar trabalho a sério, deixem-se de conversa fiada e de dar palmadinhas nas próprias costas. Tantos anos de experiência e é isto!
Se a ASA (BD) fica indignada com estas palavras, temos pena. A soberba fica-lhe mal. A ASA, em vez de andar a arranjar desculpas, que seja frontal e pense que talvez, só talvez, não sejamos assim tão ignorantes quanto ao processo editorial e às verdadeiras capacidadas técnicas e tecnológicas de um editora da dimensão da ASA.
Bongop, boa review. Também concordo com o 10 em 10. A ASA, pelos vistos, não.
Forteifeio
ResponderEliminarAcho uma série muito boa, de qualidade.
É uma BD da qual eu acho que qualquer pessoa gosta.
Refem
Estou à espera que durante este ano haja surpresas da ASA. Hoje estou optimista! :D