É difícil escrever algo sobre Corte Maltese… acho que já tudo foi dito sobre esta personagem.
“As Etiópicas” era o único livro que eu nunca tinha lido deste herói, ou anti-herói (como preferirem), por isso achei por bem escrever algumas linhas sobre esta aventura africana.
Corto Maltese é a grande criação de Hugo Pratt. Este marinheiro correu o planeta em aventuras estranhas, sempre acompanhado pela magia e pelo mistério de grandes enigmas da humanidade, misturando factos reais com uma vertente fantástica enorme. É muito natural encontrar Corto sobre a influência de cogumelos, viajando no mundo dos sonhos, tocando por vezes no mundo real, assim como a sua influência (hipotética, claro) em situações históricas que toda a gente conhece.
As Etiópicas são um conjunto de quatro histórias passadas essencialmente na zona onde se situa a Etiópia, e embora a última história se situe na África Oriental penso que não será exactamente neste país. As histórias são:
- Em nome de Alá, O Misericordioso
- O golpe de Misericórdia
- …os outros Romeus e Julietas
- Os Homens-Leopardos do Rufiji
Como é dito no prefácio, as aventuras de Corto assentam num tríptico de pedra: cultura, natureza e aventura… tudo o resto é magia! Acho que isto resume bem a base das aventuras deste marinheiro!
Esta aventura decorre no final da 1ª Grande Guerra em que os ingleses tentam acabar com a influência Alemã em África. Corto acompanha Cush, um guerreiro negro da tribo Danakil, no resgate do pequeno Príncipe Real Saode, mantido cativo pelo seu tio Abdul.
Este livro assenta na relação que se vai construindo entre Corto e Cush. Corto é um homem de grandes horizontes e completamente livre de pensamento, Cush é um fervoroso seguidor de Alá embora possa infringir algumas regras do Corão apenas para chatear quem quer mandar nele…
De notar as referências a individualidades reais, e a quebra brutal de narrativa na passagem da África desértica para uma Irlanda verde e chuvosa… apenas para contar uma história de cobardia, cobardia essa que se reflecte nos actos do Comandante Bradt… pequenos e deliciosos arcos dentro da história principal!
A aventura e a libertação do pequeno Príncipe servem apenas de pretexto para Hugo Pratt “brincar” na relação do “cão infiel” com o teimoso muçulmano Cush, que também só gosta de fazer o que lhe apetece. Aprendem a conviver, debater ideias e claro… têm de mergulhar juntos no reino da magia pela mão do feiticeiro sem idade Shamael. Os seus destinos cruzam-se sem cessar nas três primeiras histórias, a quarta e última história já sai fora deste registo desértico da Eritreia. Aqui estamos na selva e vemos personagens de outros livros de Hugo Pratt, neste caso saídos de “Anna na Selva”, a conviver com Corto Maltese… e embora continue como fundo o final da 1ª Grande Guerra, temos mais uma vez o tríptico atrás referido rodeado de muita magia: os Homens-Leopardo, a polícia secreta africana…!
É uma aventura de Corto Maltese. Tem todos os ingredientes que tornaram esta personagem famosa! Por isso recomendo este livro, e esta edição. Infelizmente o preço não é agradável, mas vale bem a pena e muita gente tem aderido a esta colecção de luxo, sobretudo aos livros de capa dura que esgotam passado pouco tempo.
Boas leituras
Hardcover
Criado por: Hugo Pratt
Editado em 2012 pela ASA
Nota: 9 em 10
Excelente. Corto Maltese é um personagem além de qualquer tempo, ainda que suas histórias seja inseridas em tempos específicos, e deveriam ser lidas com a devida reverência.
ResponderEliminarPensador Louco
ResponderEliminarCorto tem excelentes histórias! saiu tempos atrás uma colecção a preto & branco com todos os livros menos este. Por isso resolvi fazer este post! Esta colecção colorida é muito boa, mas só vou comprando espaçadamente porque os livros têm um preço puxadote, não é que não valham os EUR pedidos, mas a minha carteira não é elástica!
:D
Bem interessante! Arte muito boa como sempre!
ResponderEliminarCorto Maltese é um dos meus heróis de eleição. Pena não ter mais histórias. :)
ResponderEliminarTenho uma edição do Público, a preto e branco como penso que Corto Maltese deve ser apresentado, onde faltam 'As Etiópicas', 'Corto Maltese na Amazónia' e 'A Juventude de Corto Maltese'. É a esta que te referes, Nuno?
Jorge Fernandes
ResponderEliminarOlha... então afinal não tinha lido também "Corto Maltese na Amazónia"...
:(
É essa colecção da ASA/Público que eu tenho também, sim.
;)
Guy Santos
Corto Maltese é um ícone da BD mundial!
:)
Corte Maltese y Hugo Pratt. Qué maravilla.
ResponderEliminarArion
ResponderEliminarÉ mesmo uma maravilha!
:D
Boa noite, além das edições que os meus amigos referiram nos seus comentários, existem também as mais antigas das edições 70 e todas as da Mériberica, especialmente a preto e branco. Gostaria também lembrar, e nunca é demais fazê-lo quando falamos de Corto Maltese, a curiosa exposição de varias pranchas que esteve em Évora na Fundação Eugénio de Almeida. Faltam mais iniciativas como esta. Abraços. Paulo Pereira
ResponderEliminarNão duvido da excelente qualidade destes livros, mas para mim o Corto Maltese está e estará eternamente associado ao preto & branco, que na minha opinião é como deve ser lido. As 3 primeiras histórias das etiópicas estão entre as minhas favoritas do Corto, muito devido à presença do Cush que é um personagem fantástico.
ResponderEliminarLembro-me que a 1ª vez que li estas histórias foi na velhinha revista "Tintin", mas tenho-as também em album das Edições 70 já aqui referidas.
Paulo Pereira
ResponderEliminarNem sempre é fácilfazer exposições dessas, sobretudo em Portugal e fora dos grandes centros ainda pior...
Não tenho livros do Corto das Ed.70 nem da Méribérica. Estive com alguns na mão e desfaziam-se todos. Por isso fiz a colecção ASA/Público com muito prazer (preto & branco).
;)
Filipe Almeida
Gosto muito do Corto em preto & branco, mas não tenho nada contra o colorido. É apenas outra maneira de ver a arte de Pratt! A preto & branco tem mais força, sobretudo na expressividade, a cores torna-se mais belo e faz sonhar, como tantas as vezes Corto faz nas suas aventuras!
Os diálogos entre Corto e Cush são muiiiito bons, sim!
:D
Nuno,
ResponderEliminarO corto é um personagem fascinante sem a minima das dúvidas, mas o que saiu mais recentemente da Asa não foi "As Helvéticas"?
Abraço
Bacchus
ResponderEliminarSim, penso que foram as Helvéticas, mas este post foi unica e exclusivamente porque as Etiópicas eu ainda não tinha lido. Helvéticas já li várias vezes, e já toda a gente conhece, por isso nem fui por aí. Todos os que saíram até agora nesta excelente colecção da ASA eu já tinha lido, ou possuia, assim o post foi para um livro virgem para mim!
:P
Nuno,
ResponderEliminarOk, eu pensei que estavas a falar de um lançamento (sorry).
Eu este li várias vezes em francês e em português através das edições 70 e tenho também nesta fabulosa edição da ASA e é pena é não publicarem os Escorpiôes do Deserto integral, pois o 3º Tomo desta série é tão bom quanto um Corto maltese e aparece no mesmo o Cush também.
Abraço
Estou em pecado por nunca ter lido nada de Corto Maltese.
ResponderEliminarPreciso ler essa BD.
Bacchus
ResponderEliminarOlha... nunca li os Escorpiões do Deserto, embora sejam referidos por intermédio de imagem neste livro.
;)
João Roberto
Aconselho-te como primeira leitura a "Balada do Mar Salgado"!
;)
João Roberto da Costa,
ResponderEliminarEstás é a perder uma excelente série ! ;)
Nuno,
Idem para ti. :)
Eu não sugiro nenhum Corto Maltese para começar, mas o meu preferido é 'A Casa Dourada de Samarcanda'.
Jorge Fernandes
ResponderEliminarJá me chega ter de desembolsar de tempos a tempos o dinheiro destes HCs do Corto... e mesmo assim já falhei dois que esgotaram!
Não me vou meter em Escorpiões do Deserto de certeza!
:\
Eu só tenho uma edição do Corto, e uma de Os Escorpiões.
ResponderEliminarAssim não perco nada! :)
Quais é que esgotaram?
Jorge Fernandes
ResponderEliminarOs mais caros Jorge... os mais caros... lol
Os primeiros em capa dura desta última colecção do Corto já não existem há muito tempo neste formato. Mú esgotou em 2 meses e custava mais de 30 EUR...
Os seguintes foram pelo mesmo caminho!
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