A entrada dos anos 90 cristalizou de
vez a linha adulta da DC, com o lançamento de mais uma revista que
faria parte da lançamento da Vertigo, além de que o título mais
antigo de revistas adultas, Swamp Thing, chegou ao número 100
no mês de Outubro.
O novo título surgiu em Julho, chamado
Shade, the Changing Man. A personagem titular tinha sido
criado por Steve Ditko em 1977, fazendo parte de uma das tentativas
da DC de expandir a linha com novas propriedades intelectuais. O
alienígena Rac Shade (e o seu colete que lhe dava superpoderes) foi
utilizado no ambiente pós-Crise no Esquadrão Suicida, mas essa
história foi imediatamente esquecida quando Peter Milligan e Chris
Bachalo lançaram uma nova série, em que Shade continuava a ser um
alienígena, mas o seu colete protegia-o de uma onde de loucura que
ameaçava consumir o planeta. A história durou 70 números, em que
foram explorados temas como psicanálise, identidade pessoal,
trans-sexualidade e trauma. Pelo caminho, Shade morreu várias vezes e
foi ressuscitado noutros corpos.
Embora continuasse ocupado com Sandman,
Neil Gaiman aproveitou para criar uma nova mini-série para a DC,
chamada Books of Magic, chegando às bancas em Dezembro, com
quatro edições em arte pintada, cada uma com um artista diferente.
Na série, uma criança de nome Tim Hunter é identificada como o
mago da nova era e um grupo de aventureiros com poderes mágicos, o
Vingador Fantasma (no capítulo ilustrado por John Bolton), John
Constantine (pintado por Scott Hampton), o Doutor Oculto (com Charles
Vess na arte) e Mister E (com um expressivo Paul Johnson), decide
mostrar ao futuro feiticeiro o passado, o presente e o futuro do
Universo DC, bem como um mundo mágico paralelo ao universo real.
Esta foi uma excelente viagem de transformação de um jovem sob a
forma de um conto de fadas. A série tem participações especiais ou
curtas de vários personagens, incluindo o Espectro, Deadman,
Zatanna, Arion, Mordru e a personificação da Morte de Sandman, além
de introduzir Titania, a rainha das fadas. A história foi
encadernada em 1993, já na Vertigo, antes do crossover “The
Children's Crusade” e da subsequente série mensal de Tim Hunter,
também chamada Books of Magic, mas com John Ney Rieber no
lugar de Gaiman.
Num espectro completamente diferente,
outra mini-série de quatro números, Breathtaker, chegou às
bancas em Setembro. Criada por Mark Wheatley e Marc Hempel, contava a
história de Chase Darrow, uma mulher vítima de experiências
científicas governamentais que a deixavam viciada em encontrar o
verdadeiro amor. No entanto, cada vez que um homem se apaixonava por
ela, ele envelhecia prematuramente e morria. A história era simples,
traduzindo para uma temática de ficção científica a lenda do
súcubo, um demónio sob forma de mulher, que consome a energia vital
dos seus parceiros sob a forma de actividade sexual. Breathtaker
foi reimpresso pela Vertigo em 1994.
Uma grande variedade de mini-séries
foi lançada em 1990, começando em Março com Tempus Fugitive,
com quatro números da autoria do detalhado mas pouco prolífico Ken
Steacy. A série, que teve atrasos de publicação entre cada número,
conta a história de Ray 27, que viaja no tempo para o passado de
modo a acabar com o futuro perfeito onde vive. The Nazz chegou
ao mercado em Novembro, por Tom Veitch e Bryan Talbot. As quatro
edições em formato prestígio contaram a história de um homem,
Michael Nazareth, em busca da perfeição, que na sua mente se
manifesta em superpoderes. Mas Nazareth não pode ser controlado,
levando à sua transformação num deus, pressionado pela paranóia
do governo americano. Em Dezembro foi a vez de World without End,
com seis números escritos por Jamie Delano e pintados por John
Higgins. Uma história de ficção científica, é uma guerra dos
sexos entre formas conceptuais masculinas e femininas, com o destino
da humanidade como pano de fundo. Nenhuma das três foi reimpressa.
Duas adaptações de outros meios foram
publicadas em 1990. Em Janeiro foi lançada a mini-série Ring of
the Nibelung, adaptando para a BD a ópera de Richard Wagner, o
que aliás é um tema constante em várias editoras. Neste caso, o
saudosista profissional Roy Thomas (que já tinha visitado este tema em histórias do Thor) uniu-se a Gil Kane e Jim Woodring
para produzir uma história num esquema mais clássico, com quatro
números em formato prestige. A história foi reimpressa em 1991,
apenas. Em Maio chegou ao mercado a mini-série em quatro números
adaptando o filme The Adventures of Ford Fairlane, uma ópera
rock com comédia nonsense. Gerard Jones, Russell Braun e José Delbo
foram responsáveis pela adaptação, que não era exactamente
material Vertigo, ainda que tivesse na capa o aviso para leitores adultos.
Uma excelente graphic novel, entretanto
reimpressa várias vezes, acabou por nunca fazer parte da Vertigo,
apesar de não necessitar de fazer parte da linha regular da DC.
Lançado em Novembro, Enemy Ace: War Idyll, é um belíssimo
trabalho de George Pratt, com arte pintada, que vê um idoso Hans von
Hammer, exímio e lendário aviador alemão durante a Primeira Grande Guerra, contar as suas memórias a um jornalista. Outro material que
estava próximo da linha Vertigo, mas demasiado colado à cronologia
normal foi o terceiro volume de Etrigan, com uma nova série mensal
de The Demon a chegar em Julho, escrita no início por Alan
Grant, num ambiente urbano e com uma boa quantidade de humor.
Finalmente, outra revista para adultos foi a mini-série de cinco
números The Butcher, de Alan Grant e Shea Anton Pensa, um
nativo americano em guerra com uma corporação.
Conheça ou recorde as partes anteriores em:
Parte 4: Vertigo Pré-Vertigo: A história que antecede o selo: 1989
Parte 3: Vertigo Pré-Vertigo: A história que antecede o selo: 1988
Parte 2: Vertigo Pré-Vertigo: A história que antecede o selo: 1986-1987
Parte 1: Vertigo Pré-Vertigo: A história que antecede o selo: 1982-1985
Parte 3: Vertigo Pré-Vertigo: A história que antecede o selo: 1988
Parte 2: Vertigo Pré-Vertigo: A história que antecede o selo: 1986-1987
Parte 1: Vertigo Pré-Vertigo: A história que antecede o selo: 1982-1985
Sem comentários:
Enviar um comentário
Bongadas