terça-feira, 17 de junho de 2008
Fagin o Judeu
Quem não conhece Will Eisner? Muita gente, claro... mas no mundo da Arte Sequêncial, mais conhecida entre nós por Banda Desenhada, o reconhecimento dado a este homem foi grande! Um dos maiores prémios de Banda Desenhada tem o seu nome: The Eisner Awards! É como se fossem uma espécie de Oscar para a BD. É autor de "The Spirit", uma das grandes séries de culto do mundo da Banda Desenhada, para além de autor de alguns dos livros técnicos fundamentais
: "Comics and Sequential Art" e "Graphic Storytelling".
Neste livro, Eisner aborda a questão dos estereotipos estabelecidos, como o do "judeu", e tenta dar a volta a esta questão pegando numa personagem de Oliver Twist: Fagin o Judeu. A estória deste personagem, Oliver Twist, é contado segundo o ponto de vista de Fagin, e o livro começa com a seguinte frase:
- Eu sou Fagin, o judeu de Oliver Twist e esta é história da minha vida, que Charles Dickens ignorou no seu célebre livro.
É uma leitura recomendada de uma obra a "escuro e branco", de um livro escrito e desenhado com muita sensibilidade e algum ressentimento contra o estereotipo negativo do Judeu, que é apresentado na obra de Charles Dickens. Depois do protesto dos judeus em relação à personagem, Dickens tentou em edições posteriores "reescrever" a personagem do Judeu, mas não obteve grande sucesso visto que a grande maioria dos livros em circulação era das primeiras edições!
Volto a referir, leitura recomendada e em português!
Softcover (TPB)
Criado por: Will Eisner
Editado em 2003 por Gradiva
Comprado no Continente
Nota: 9 em 10
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É melhor do que "A Conspiração"?
ResponderEliminarÉ que não gostei assim muito desse, e tenho resistido a comprar o Fagin... Agradou-me o "O Grande Jogo"´, mas "A Conspiração" achei secante, com muito pouco do que procuro numa bd, e deixou-me de pé atrás em relação à luta pró-semita (ou anti-anti-semita) do Eisner.
Tenho este livro entre outros do Eisner,e até que achei bem bom...
ResponderEliminarMas e daí, eu gosto de adaptações de histórias conhecidas recontadas do ponto de vista de personagens que não o principal. :-)
Gustavo
ResponderEliminarDele apenas li uns episódios do "The Spirit", e este "Fagin", portanto não posso comparar com esses de que falas. O Fagin para mim foi uma leitura interessante, pois é uma adaptação do Oliver Twist mas contada doutro ângulo ompletamente diferente!
OCP
Também achei bom!
:)
Eu tenho-o em wishlist. Conheço Will Eisner, tenho um ou 2 livros dele, mas infelizmente ainda não consegui ler nada deste Mestre...
ResponderEliminarÉ um grande lapso do nosso mercado editorial não haver quase nada deste grande mestre dos Comics. Estava a preparar há já algum tempo um post sobre O Mestre, no entanto decidi adiar pois por ser tão desconhecido cá por nós e pelo material ser tão extenso arriscar-me-ia a dar-vos mais uma grande seca!
ResponderEliminarMas posso dizer-vos que depois do desaparecimento deste grande Sr. dos comics foram editados quase todos os livros e material dele, portanto é muito fácil agora encontrar o que se quiser (o que não o era há cerca de 5 anos). Os Spirit foram todos editados em HC de luxo; são um investimento considerável! O conjunto das Graphic Novels ao qual o Grande Mestre de dedicou nos últimos 30 anos da sua vida também está todo disponível.
A Gradiva continua a surpreender-me com o bom gosto e bom-tom com que por vezes decide editar verdadeiras obras-primas da BD. Estava esperançado que editassem mais, uma vez que a Devir falhou em levar o seu projecto mais além, infelizmente para todos nós.
Não é fácil ler Eisner e as suas dissertações sobre as suas leituras da vida nos EUA, concretamente as ruas e seus diversos habitantes da grande cidade onde ele viveu (NY); digo isto devido à distância temporal, que afecta, embora que amiude, a nossa visão do que é hoje essa cidade; também a distância espacial é um travão a melhor podermos compreender e apreciar nostalgicamente Nova York ao longo das décadas.
Dizes bem, o Fagin, para melhor ser entendido e realmente apreciado, deverá ser lido por quem conhece a obra de Dickens "Oliver Twist"; sem as bases dificilmente se poderá compreender o que o Eisner pretendia atingir.
Quanto ao facto do Mestre se ter tanto dedicado à defesa da memória judaica é compreensível que assim o tivesse feito. Quem viveu num pais tão racista como os EUA e que tanto ouviu atacar o seu povo, de quem ele se orgulha, achou ter ele alguma responsabilidade, pela sua projecção, em fazer chegar a opinião dele aos outros. O Grande Jogo sabe defender e também largamente criticar os Judeus; "A Conspiração..." é o último trabalho da vida dele e foi ao longo da sua vida "pedra no sapato". Sobre a Conspiração não me vou aqui alargar mais, mas decididamente é um livro a ser lido e asseguro que é muito interessante.
Eu não conheço ... mas tb não sou chamado p'ra estatistica. Agora k o grafismo é notável, isso parece-me ser e os desenhos em sépia dão-lhe um tom fora do vulgar.
ResponderEliminarAbraço
Já não me lembro muito bem do que achei da Conspiração (nem de muitos livros que li na altura), mas tenho a leve sensação de que fiquei fã do Eisner. A ver se encontro este.
ResponderEliminarÉ uma pena este Eisner não estar devidamente difundido entre nós. Lembro-me de terem sido editados 6 ou 7 fasciculos do Spirit (em português)à 20 anos atrás, do qual fiquei verdadeiramente fã.
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