Como fui jurado este ano nos PNBD, fui pela primeira vez a uma entrega de prémios.
Logo a iniciar... cena cómica! Disseram-me que eu tinha de ir buscar o bilhete que estava reservado, e quando me entregaram o respectivo bilhete perguntei "- Quanto é?", lol , o rapaz atrapalhado disse que eu não tinha de pagar nada...(Será que tenho um ar assim tão sério?)
:D
Houve música, bastante boa com os excelentes António Eustáquio (guitolão) e Carlos Barreto (contrabaixo).
Houve também uma tentativa de humor brejeiro/social, que sinceramente... enfim... bom... ok... arrancou-me um sorriso durante toda a actuação.
:P
Quantos aos prémios:
Melhor Fanzine
"Fábrica, baldios, fé e pedras atiradas à lama" de Tiago Batista - Oficina do Cego
Melhor Livro de Ilustração Infantil
"Todos fazemos tudo" de Madalena Matoso - Planeta Tanjerina
Melhor Clássico da Nona Arte
"Sangue Violeta" de Fernando Relvas - El Pep
Melhor Álbum Estrangeiro
"Blankets" de Craig Thompson - Devir
Melhor Álbum de Tiras Humorísticas
"Os nossos Mutts" de Patrick McDonnell - Devir
Melhor Argumento
David Soares com "O Pequeno Deus Cego" - Kingpin Books
Melhor Desenho
Ricardo Cabral com "Pontas Soltas: Cidades” - ASA
Melhor Álbum Nacional
“As extraordinárias aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy – Apocalipse” de Filipe Melo e Juan Cavia - Tinta Da China
No final a direcção do festival e os premiados abraçaram-se todos... fica o momento Kodak:
Digam de vossa justiça!
Boas leituras
Questiono-me como um livro consegue ganhar o prémio de melhor album se nem ganha o prémio de argumento ou desenho. É algo que costuma acontecer de ano para ano mas nao parece fazer muito sentido...
ResponderEliminarDe qualquer forma, muitos parabéns a todos!
Abraço
Bem Nuno, de minha justiça, acho uma vergonha o album do Ricardo Cabral vencer como melhor desenho. Só mesmo por cá. Enquanto noutros pontos do planeta se discute até que ponto se torna excessivo o uso de referências para uma pose ou para um edificio, por cá vence o album de melhor desenho um livro todo feito de referencia, em que posteriormente usa-se o 'colour picker' do photoshop para se ir às próprias fotos donde se fez a referência buscar côr e pôr nos desenhos.
ResponderEliminarNão conheço o Ricardo Cabral e isto não é uma critica ao autor nem ao livro. Cada qual faz o que quer e como pode. Mas é uma critica enorme ao povo que observa o ilusionista e diz maravilhado "Magia!!"
Ainda por cima ele é honesto o suficiente para partilhar o seu método. É como ir a um concerto e ouvir karaoke. Pronto, realmente ninguem desafina e corre tudo bem. É uma pena que na nossa Bd o karaoke seja tão valorizado.
Existem muitos destes eventos, que premia os artistas aqui no Brasil, eu acho isso bem legal, é um incentivo a esse pessoal, para que continuem a fazer o que fazem de melhor!
ResponderEliminarVocê tem cara de ranzinza Huno, no lugar do rapaz, também tremeria na base. Já digo que essa premiação é uma marmelada, afinal qualquer evento que se prese não coloca você como jurado... Brincadeira!
ResponderEliminarA mí me gustaría ser parte de algún jurado...
ResponderEliminarMe encanta la última foto.
GEvan
ResponderEliminarÉ o eterno problema dos votos. Os jurados eram 5 e depois e os votos secretos. O Pizzaboy pelo regulamento nunca poderia ganhar o Melhor Desenho visto que os desenhadores são argentinos, logo aí ficas sem uma referência para prémio. De qualquer modo já vi livros com excelente arte e um bom argumento em que uma coisa não ligava bem uma com a outra, assim como já vi livros com uma arte não tão boa e com argumento não muito profundo a terem uma grande ligação entre as duas coisas.
Neste caso do Pizzaboy ficaria sempre a dúvida se o desenho dos argentinos seria merecedor do troféu ou não.
:\
Luis Sanches
O Ricardo Cabral nunca escondeu o seu método de trabalho, e ele é bom na maneira como faz essa "transposição". Para além disso dá um toque pessoal no desenho, pois não vês ali foto-realismo.
Faz-me um pouco de engulhos em ser ele a ganhar por duas vezes seguidas, embora ache que o deste ano é bem mais merecido que o do ano passado. O ano passado, sinceramente a minha preferência ia de caras para outros.
Este ano não digo em quem votei, porque fui júri! Normalmente só digo publicamente em quem votaria, ou seja não sendo júri... :D
:P
Guy Santos
ResponderEliminarÉ um incentivo quando quando é justo.
Quando não é pode ter o efeito contrário...
;)
Venerável Victor
Eu tenho cara de ranzinza???
:|
Arion
É engraçado ser júri quando tudo corre bem, mas por vezes o resultado final pode ser chato...
:D
Então seguindo essa lógica para o próximo ano, se houver Amadora BD teremos o Filipe Melo a desenhar o cartaz? Ou teremos um desenhador que não pôde ser votado porque não é português a desenhar um cartaz...
ResponderEliminarconfuso...
Hugo Teixeira
ResponderEliminarLOL
Essa do cartaz foi bem apanhada! Mas isso é daquelas cenas que a direção do Amadora tem de resolver...
Eu votei (e não digo em quem) de acordo com os meus conhecimentos, e claro, gostos artísticos pessoais... estes estão sempre presentes por mais que alguém diga que é muito isento.
:)
Nuno Amado
ResponderEliminarExiste foto-realismo no 'Pontas Soltas' sim, mas é na côr. Mostra o album a qualquer leigo e perguntam-te logo se foi feito de fotografias. De certeza que não o perguntam pelo desenho, que apesar de ser bom não tenta simular realidade, mas sim pelas cores realistas que os desenhos trazem.
Esta seria uma grande habilidade que o Ricardo Cabral teria, não fossem essas cores foto-realistas serem todas feitas a partir de referências. Assim como os desenhos também são muito bons, mas penso que é importante distinguir a forma como são 'obtidos'. É diferente desenhar o que copiamos do que o que imaginamos.
Isto não é novo e acho que o que me deixa mais infeliz é perceber (assim como o ano passado) o critério com que o 'melhor desenho' foi escolhido. Realmente é o livro com melhor aspecto (para quem não se sente incomodado por este tipo de coisas, claro).
Como disse, o Ricardo Cabral nunca escondeu o seu método, e acho que teve uma boa ideia quando decidiu exprimentar e fazer algo diferente (deviam haver mais a tentar). Mas que vença um prémio de técnica mista, ou de melhor aspecto visual, inovação, sei lá, qualquer coisa menos 'melhor desenho'.
Enfim, é só a minha opinião e não quero aborrecer ninguém com isto, mas a mim este tipo de coisas aborrece-me bastante pois é muito injusto para todos os outros artistas.
Luis Sanches
ResponderEliminarLOL
Nem vou dizer que não terás alguma razão! Como disse atrás fez-me um pouco confusão ele ter ganho duas vezes seguidas, embora ache o Pontas Soltas melhor do que o do ano passado.
Se ele usa as cores das fotos? Bem parece-me lógico que o faça visto que a técnica que ele tem usado neste tipo de livros de viagem tem sido essa.
Se eu preferia que ele fizesse outras coisas? SIM!
Acho que neste momento o modelo está esgotado, se fizer outro do género será mais do mesmo.
De qualquer modo este ano abstenho-me de falar sobre as injustiças (houve outras maiores e que me deixaram de boca aberta) visto que fiz parte do júri e não seria correcto estar a dizer mal, por ter informação priveligiada. Decidi aceitar o convite para júri e aí tenho de pôr o freio no que toca a considerações públicas (em privado faço-as). Por isso eu disse no final do post "Digam de vossa justiça!".
E a tua opinião é pertinente sim!
;)
Mais uma tentativa de "desencalharem" das livrarias o "Blankets" com a 2a premiação no mesmo ano!
ResponderEliminarFaço minhas as palavras do GEvan no que toca ao prémio de melhor albúm para uma obra que não ganha prémio pelo argumento ou pelo desenho...
ResponderEliminarEn relação ao prémio de melhor desenho, também concordo com aqueles que ficaram algo surpreendidos (digamos assim) pela distinção ao Ricardo Cabral (com todo o respeito por ele). Prefiro a arte do Pedro Serpa, por exemplo. Aliás, de O Pequeno Deus Cego, achei a arte bastante superior ao argumento. Quero salientar que ao dizer isto não pretendo ofender o David Soares, apenas expressar uma opinião. :)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEstou cada vez mais impressionado com a grandeza desse evento meu amigo.
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarMiguel Antunes
ResponderEliminarAcho que o Pequeno Deus Cego funciona como um todo. A arte e a escrita misturam-se bem nesse livro.
Quanto ao resto, este ano abstenho-me de comentar!
LOL
:D
João Roberto
Ainda bem que estás a gostar do evento!
:)
Sei lá, mas endeusar Blankets até hoje? Já tem uns 4 anos que eles estão ganhando prêmios por aí (e por aqui).
ResponderEliminarSe fosse por falta de coisa boa, eu entenderia.
De qualquer forma, esse prêmio me pareceu muito bacana.
Alex D'ates
ResponderEliminarO Blankets saiu em Portugal o ano passado apenas, por isso figura nos prémios deste ano!
E sendo assim, é um livro de peso para qualquer prémio...
;)
"De qualquer modo já vi livros com excelente arte e um bom argumento em que uma coisa não ligava bem uma com a outra, assim como já vi livros com uma arte não tão boa e com argumento não muito profundo a terem uma grande ligação entre as duas coisas."
ResponderEliminarSe a arte não liga com o argumento então é uma arte mal conseguida. Na BD a arte serve o argumento. Não podemos avaliar a arte desligada do contexto por mais bela que ela possa parecer dessa forma. Se uma função não é bem conseguida é porque falha.
GEvan
ResponderEliminarÉ um ponto de vista!
Eu pelo meu lado já vi belas histórias, com arte magnífica e que estavam completamente "dessintonizadas" uma da outra. Se visses a arte com os balões em branco dirias "que belo", se lesses o guião/argumento dirias "muito bom"! As duas coisas juntas... méh...
Já vi isso acontecer em mais que um livro!
:P
a arte sem o argumento é ilustração. A arte a servir um argumento é banda desenhada.
ResponderEliminarÉ um erro infelizmente comum olhar para a arte desligada da sua função.
Esses livros onde viste tal acontecer quanto muito seriam belas ilustrações que se traduziam em fraca arte de BD pois não serviam o argumento a que se destinavam.
Estas noções são extremamente importantes quando se avalia uma arte para BD pois influenciam fortemente a leitura do livro.
Seria o mesmo que dizer que um motor que não funciona é um bom motor se estiver polido e com bom aspecto visual. Bom, se não for para utilizar num automóvel e sim para colocar num pedestal para um museu, talvez a afirmação tivesse lógica.
Mas tal como dizes, é apenas um ponto de vista.