Mais um aguardado artigo de Paulo Costa sobre a Identidade secreta!
Esta é a penúltima parte. A última será para daqui a uma semana, e vai deixar saudades com certeza...
Uma breve história da identidade secreta – Parte V
O êxodo dos artistas superstars que criaram a Image foi o grande catalisador para uma redução significativa da criação de novos super-heróis a funcionar com identidade secreta. Livres das restrições contratuais das duas grandes editoras, os seis fundadores ficaram com caminho aberto para criar cópias nada subtis das mesmas personagens em que tinham trabalhado, mas sem perderem tempo com ‘trivialidades’ como a aparência de uma vida social normal.
Jim Lee e Marc Silvestri, que em 1992 partilhavam um estúdio na Califórnia, criaram “WildC.A.T.s” e “Cyberforce”, respectivamente. Ambas as equipas tinham personagens que eram praticamente substitutos para membros equivalentes dos X-Men, incluindo dois líderes com problemas de personalidade, dois ‘nervosinhos’ com garras, duas guerreiras ninjas e dois grandalhões com força sobre-humana. Rob Liefeld, por seu lado, tinha-se aproximado mais do molde dos Vingadores com o título “Youngblood”, protagonizado por uma equipa patrocinada pelo Governo americano e vendida ao público do universo fictício da Extreme Studios como um colectivo de celebridades.
Foi Lee quem acabou por ir mais além. À medida que expandia o seu universo, foi-se definindo que não existiam super-heróis, mas sim as chamadas Covert Action Teams (equipas de acção clandestina), sancionadas oficialmente ou não, estas com a designação generalista WildC.A.T.s, ou seja ‘bravas’, enquanto as outras seriam ‘domésticas’. Na prática, os leitores e, finalmente, os escritores trataram o termo como o nome oficial da equipa. Nessa linha surgiram a Stormwatch, os Wetworks e a Team 7. Lee já tinha percebido, ao assumir a direcção editorial, que era preciso alguém com ‘jeito’ para escrever, e pela sua editora acabaram por passar James Robinson, Chris Claremont, Alan Moore e, finalmente, Warren Ellis.
Ellis começou a escrever “Stormwatch” em 1996 e rapidamente diversificou o modo como os membros da equipa interagiam uns com os outros. O Clark’s Bar, criado por Alan Moore em “WildC.A.T.s” nº 25, foi amplamente utilizado por Ellis, estabelecendo que os superseres tinham a sua própria comunidade, que interagiam uns com os outros quando não estavam a trabalhar, e que não tinham paciência para pessoas normais. Quando trabalhavam, tendiam a envolver-se em confrontos físicos altamente destrutivos sem qualquer preocupação com as vidas que afectavam. Independentemente das suas personalidades, as equipas, tivessem elas sanção governamental ou não, eram maioritariamente usadas nos jogos de poder pessoais de agentes governamentais, organizações (ou nações) terroristas com fortes recursos financeiros e até de invasores extraterrestres.
Em “The Authority”, atingiu-se o apogeu desta destruição: um grupo de superseres ligado à equipa governamental Stormwatch assumiu-se como a força protectora do planeta Terra, assentando no princípio que a sua moralidade era derivada da sua força. Com membros capazes de utilizar o próprio planeta como arma e um quartel-general vivo que os levava a qualquer lado, não havia nada que eles não pudessem fazer. Vale a pena notar que “Miracleman” já tinha visto o todo-poderoso herói titular abandonar a sua identidade civil de Michael Moran para se tornar exclusivamente um autoproclamado herói e defensor da população humana, mas enquanto Alan Moore tinha usado este título para expor as fraquezas do conceito, Ellis virou a 180 graus e acelerou com toda a velocidade na direcção oposta. Os ex-membros da Stormwatch não prestavam contas a ninguém, não tinham dúvidas sobre a legalidade das suas acções e não tinham problemas em impor as suas soluções à humanidade, mesmo quando estas eram benéficas, incluindo a descoberta de uma cura contra o cancro.
Mudanças na gestão editorial da Marvel, em 2000, levaram a editora a contratar Mark Millar e Bryan Hitch, que tinham trabalhado em “The Authority” (separadamente), para reinventar os Vingadores no novo universo paralelo Ultimate Marvel. Usando os visuais de violência extrema que Hitch tinha popularizado na WildStorm, os Vingadores transformaram-se nos Supremos, uma equipa de elite gerida pela agência secreta S.H.I.E.L.D., mas ainda assim operando publicamente a partir da cidade de Nova York e tratados pela imprensa e indústria de entretenimento como celebridades. Todos os membros, inclusive o Homem de Ferro, a Vespa e o Gigante, tinham identidades públicas.
Dentro do universo Ultimate, apenas o Homem-Aranha tinha identidade secreta, mas apesar da imprensa a procurar em vão, o director da S.H.I.E.L.D., Nick Fury, depressa a descobriu. A verdade é que, numa era em que a vida privada começava a ser devassada pela Internet, manter uma identidade secreta era mais difícil que nunca, e quem colocasse a ideia em prática nunca a conseguiria manter durante muito tempo.
Texto: Paulo Costa
Já sabem, para verem todos os artigos do Paulo Costa para o Leituras de BD basta clicar no nome dele, para verem as outras quatro partes desta saga da identidade secreta têm os links aqui em baixo!
Uma breve história da identidade secreta – Parte I
Uma breve história da identidade secreta – Parte II
Uma breve história da identidade secreta - Parte III
Uma breve história da identidade secreta – Parte IV
Boas leituras
Mais um grande texto Paulo.
ResponderEliminarEstas histórias da identidade secreta devem estar a dar um trabalhão, mas o resultado é fantástico
Trabalho fantástico sem dúvida, a Image já não seguia tanto por acaso, comprei Gen13 quando a Globo mandava para cá e porque já não tínhamos nada nas bancas.
ResponderEliminarEstoy de acuerdo con Rui, estos posts reflejan un buen trabajo de investigación.
ResponderEliminarGrande trabalho de investigação! E mais um grande post.
ResponderEliminarAuthority foi uma série que me encheu as medidas nesta sua fase, em conjunto com Planetary!
:)
Excelente texto, realmente. Adorei a atenção devida a cada grupo, e suas implicações no quadro geral, de acordo com a importância de cada série.
ResponderEliminarNão é pra menos que, proporcionalmente em ordem de grandeza, a "criação" de Rob Liefeld mereceu apenas um parágrafo curto. Afinal, por que falar de identidades secretas quando os personagens dele não têm qualquer identidade, secreta ou não?
Grande abraço. 8)
Pensador Louco
ResponderEliminarO Rob... lol
Tinha de se falar nele!
Afinal, ele é incontornável (não pelos melhores motivos...)
E sim, este artigo, aliás, estes artigos todos juntos são uma excelente crónica sobre algo que normalmente não se fala... assume-se que é assim e pronto!
;)
Mais um rande texto por parte do Paulo Costa. grande trabalheira que tem tido, mas os resultados estão à vista :)
ResponderEliminarMuito bom.
ResponderEliminarVenham mais posts desta qualidade.
-Priapo
Geek dos Comics
ResponderEliminarDeu-lhe trabalho, mas a nossa felicidade paga-lhe isso tudo!
ahahahahha
(lol)
Príapo
Já leste as outras partes?
:)
parabéns! Pela quinta vez! eu sou um dos que vai sentir falta dessa série... Já estou sofrendo de véspera pela última parte que virá.
ResponderEliminarFazer a pesquisa não foi muito difícil, a partir do momento em que sei o que quero procurar. A primeira parte foi mais difícil, mas a partir daí tem sido mais para relembrar certas coisas.
ResponderEliminarAs seis partes, no total, têm mais de 34 mil caracteres, o que no jornal onde eu trabalho daria direito a uma reportagem de seis páginas com poucas fotografias, mas quando releio os textos encontro áreas onde me devia ter alongado mais. Estou a pensar numa versão expandida para quando o Nuno finalmente avançar com o site.
Parabéns Paulo Costa, tenho aprendido muito com suas matérias.
ResponderEliminarPaulo Costa
ResponderEliminarIsso expandido era ouro!
O site está quase.
;)
Venerável Victor
Acho que muita gente vai sentir esta falta, mas tenho a certeza que a mente bem activa do paulo vai descobrir outro assunto de interesse!
:D
João Roberto
Temos aprendido todos!
;)
Parabéns por mais um óptimo texto, Paulo.
ResponderEliminarTem sido um regalo ler estes cinco textos. Espero ansiosamente pelo sexto. :)
Miguel Antunes
ResponderEliminarFico contente por demonstrares o quanto gostas destes artigos.
Este tipo de feedback é que faz mover as pessoas positivamente!
;)
Será que vale a pena dizer? Ok,. eu digo-o: Grande artigo.
ResponderEliminarSAM
ResponderEliminarClaro que vale a pena!
Nunca se esqueçam que é o feedback dos leitores que nos faz seguir em frente com energia renovada para mais e melhores (se possível) posts!
:)
Ótimo texto do Paulo Costa!
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