O esperado livro que colecta várias histórias curtas de André Oliveira vai ser lançado durante o 6º Anicomics, já no próximo dia 11 de Abril.
Conta com a participação de muitos autores portugueses conhecidos e consagrados, assim como de outros menos conhecidos.
Fiquem com a informação da editora, algumas páginas e logo a seguir uma entrevista que fiz ao André Oliveira no âmbito do lançamento deste livro no Anicomics.
CASULO
Curtas de BD de André Oliveira com Vários Artistas
Um casulo é um espaço de transformação e experiência, uma espécie de tubo de ensaio que antevê resultados surpreendentes. Este não é excepção. Uma antologia de histórias curtas em banda desenhada, escritas pelo argumentista André Oliveira (Hawk, Tiras do Baralho!, Living Will) e ilustradas por 26 autores nacionais, publicadas mensalmente na revista CAIS e no site de BD aCalopsia.
Casulo sugere uma viagem por diversos temas e estilos literários e artísticos, dos universos mais pessoais e poéticos aos humorísticos. Uma edição Kingpin Books, com prefácio de Mário Freitas e arte de: Pedro Brito, Carlos Páscoa, Ricardo Venâncio, Ricardo Cabral, Pedro Cruz, Paula Almeida, Jorge Coelho, Ricardo Reis, Marta Teives, Ricardo Drumond, André Caetano, Susana Carvalhinhos, Inês Galo, Xico Santos, Pepedelrey, Sónia Oliveira, Joana Afonso, Pedro Potier, Sérgio Marques, Osvaldo Medina, António Silva, Ana Oliveira, Pedro Carvalho, Pedro Ribeiro Ferreira, Carla Rodrigues e Nuno Lourenço Rodrigues.
Lançamento este sábado, 11 de Abril, às 14h30, no auditório da Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, em Telheiras, durante a 6ª edição do AniComics Lisboa.
Nota: O livro será publicado em capa dura, 64 páginas e custará 16,50 € (preço de lançamento 14,99 €).
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Entrevista a André Oliveira
Olá André!
Olá Nuno. ;)
Como surgiu este projecto “Casulo” na tua mente?
O nome Casulo já tinha sido antes utilizado por mim, tanto num blog que acabou por ser descontinuado como na “rubrica” que estas curtas de BD ocupam no site aCalopsia. Foi um nome que sempre associei a este projecto, talvez porque é um espaço que me permite testar e amadurecer ideias e colaborações, um ensaio de transformação e trabalho essencialmente. À medida que ia escrevendo e o conjunto de bandas desenhadas ia ganhando forma, fui-me apercebendo que podia ser algo mais do que uma sequência de peças singulares. De certa forma, acaba por ser uma representação interessante da minha forma de pensar e de um percurso que fui desenvolvendo ao longo dos últimos anos.
Quando se formou este projecto estavas a pensar que um dia iria ser publicado um livro colectando todas estas histórias?
Lembro-me que foi o Jorge Coelho a incentivar-me a criar um blog para ir colocando as bandas desenhadas que ia fazendo para a CAIS (isto além de as publicar na minha página pessoal). Julgo que isso foi determinante para começar a sentir o projecto como algo consistente e uniforme, que não tinha necessariamente de acabar com a revista. Depois, dada a minha relação próxima com editores, foi aparecendo algum interesse na publicação do livro e a ideia foi ganhando forma na minha cabeça. A dada altura, já a coisa só fazia sentido com este desfecho.
Visto teres trabalhado com 26 artistas diferentes para ilustrar as tuas histórias, como os escolheste? Já tinhas pensado qual era o desenhador exacto para cada história, ou simplesmente foste convidando até teres um desenhador para cada história numa escolha aleatória?
Eu faço sempre os convites mês a mês e só escrevo quando tenho o ilustrador confirmado. Gosto de criar com o estilo do autor em mente, porque isso também me permite estimular a minha criatividade num certo sentido e abordar um ou outro tema específico. Os convites variam, às vezes pessoas que estão muito próximas de mim e a quem posso chamar amigos, outras vezes autores que conheço menos bem mas que aprecio o trabalho. Posso dizer que os dois únicos factores de selecção são o meu gosto pessoal e se o ilustrador é ou não cumpridor (nunca falhei com o prazo de entrega, quem me conhece sabe que detesto fazê-lo e por isso só consigo contar com quem acredito que não vá falhar).
Como surgiu esta parceria com a revista Cais? (Para quem não sabe, a revista Cais é inspirada na revista inglesa The Big Issue, de intervenção social onde participam pessoas em situação de carência económica e social, como os denominados “sem abrigo”. Tem um custo de 2€ dos qual reverte 70% para o vendedor.)
A minha colaboração com a CAIS remonta à Trienal Movimento Desenho 2012 e à minha participação como comissário. Nessa altura, organizei o evento BD ao Forte, co-editei a Zona Desenha (foi a minha última) e passei a escrever mensalmente para a revista, assumindo o compromisso de editar um ilustrador diferente todos os meses (com algumas excepções dado que havia histórias que começavam num número e acabavam no seguinte, coisa que já não vou poder fazer por questões editoriais). A única iniciativa que continua desde essa fase é precisamente a colaboração com a CAIS, dado que entretanto deixei a Zona e desisti de fazer mais edições do BD ao Forte. É algo que faço com muitíssimo gosto, não só porque me permite contribuir para um projecto social que admiro e respeito, como não me deixa cair no marasmo como argumentista e criador.
Foi fácil trabalhar com tantos artistas diferentes, sabendo que cada um deles tem a sua personalidade e o seu estilo gráfico?
Fácil nunca é nem poderia ser. Mas, para o bem e para o mal, não faz parte da minha personalidade procurar o fácil em ocasião alguma. A minha cabeça, tal como a de todos, não pensa sempre da mesma maneira, não está sempre no mesmo comprimento de onda. Pela mesma ordem de ideias, as histórias que quero contar são todas diferentes e têm representações gráficas distintas. É também por isto que me recuso a desenhar os meus próprios argumentos (além de ser extraordinariamente incompetente, apesar de haver quem diga que não)... Sou muitíssimo limitado a desenhar e a imaginação não tem limites. Preciso de criar sempre de maneira diferente, com imagens, cores e formas variadas, mas isso leva-me a repensar-me e a reconstruir-me constantemente (isto embora haja um cunho próprio transversal).
Não conheço nenhuma história do livro, portanto esta pergunta pode ser a de outros. As histórias seguem uma linha coerente, ou são simplesmente histórias curtas sem ligação nenhuma entre elas?
Acho difícil que não conheças de todo, provavelmente já passaste os olhos por uma ou outra mas não tens presente. Digo isto porque tenho publicado as curtas online e muitos blogs e sites já partilharam algumas delas. No entanto, e para responder à tua pergunta, não existe nenhuma ligação. O único fio condutor, por assim dizer, sou mesmo eu e a minha criatividade (por isso aceitei que o meu nome e cara, embora distorcida, estivessem na capa do livro).
(Nota: Provavelmente conheço algumas histórias, mas não sei exactamente o que englobaste no livro... :D )
E a capa, quem desenhou a capa deste livro?
A autora da capa foi a Marta Teives (com quem fiz uma das curtas, dedicada ao meu avô) com edição do Mário Freitas. Aliás a ideia foi essencialmente do Mário e ambos acompanhámos o processo.
Já li que querias que este fosse o primeiro de vários “Casulo”, e que a tua intenção era de que fosse sempre com artistas diferentes. Não achas rapidamente vais esgotar o leque de desenhadores possíveis, visto que neste primeiro “Casulo” já estão 26. Para além disso não achas que haverá uma altura em que a qualidade poderá baixar devido a ficares futuramente sem escolhas?
Recentemente fiz uma lista de autores que ainda gostaria de convidar e posso dizer que nesse âmbito estou tranquilo. Há ainda muitas opções e a tendência é para que a lista aumente porque há sempre novos ilustradores a aparecer. Não tenho nem nunca tive problemas em trabalhar com autores mais novos, por isso julgo que ainda faltará muito tempo até ficar sem colaborações. De resto, eu tenho feito uma gestão nos convites, tenho falado com autores mais conhecidos e também com os emergentes. Só neste livro temos o Pedro Brito, a Joana Afonso, o Ricardo Cabral e o Jorge Coelho mas também temos o Nuno Lourenço Rodrigues, o Sérgio Marques, a Inês Galo e o António Silva. Enfim, essa gestão vai continuar e de qualquer maneira, como já disse, só consigo convidar quem considero talentoso. É sempre uma opinião pessoal mas é um critério, portanto se me deixarem continuar a fazer isto podemos contar com uma colecção consistente desde o primeiro volume.
Projectos para o futuro, já os tens a fermentar dentro da tua cabeça?
Mais do que fermentar na cabeça, está tudo à vista (ou pelo menos vai estar muito em breve). Não me vou alongar muito porque nem tudo está nas minhas mãos e às vezes dá asneira... Além disso há editoras envolvidas e não convém estar a falar antes de tempo, mas para já posso confirmar o Living Will 4 (desta fez com arte do Pedro Serpa que fará também o 6, a Joana fará o 5 e o 7), o Gentleman 1 (arte do Ricardo Reis), ambos da Ave Rara, para Beja. E o VIL – Fado do Assassino (arte do Xico Santos) pela Kingpin para a Amadora. Há mais, muito mais, mas vou falando aos poucos.
Como este teu livro vai ser lançado durante o 6ª Anicomics, pergunto… como sentes este evento?
É um evento pelo qual tenho carinho não só porque é organizado por gente trabalhadora, dedicada e amiga mas também porque é um sítio onde sempre fui bem tratado. A gratidão, na minha ideia é uma qualidade importante, e por isso estou sempre disponível para colaborar tanto com o Anicomics como com o Mário. No entanto, não sou propriamente o público-alvo e quanto mais o tempo passa, esse gap torna-se cada vez mais evidente. Mas é com gosto que tenho visto o festival crescer, ganhar protagonismo e entusiasmo, e só espero que isso continue. É cada vez mais um evento importante, de visita obrigatória.
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Um abraço a todos e vemo-nos no Anicomics!
Obrigado André!
Obrigado eu. ;)
O Leituras de BD apoia e recomenda o Anicomics
Boas leituras
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