domingo, 26 de abril de 2015
Sharaz-De: Contos das Mil e Uma Noites
Um livro maravilhoso e obrigatório em todas as casas. Pronto, disse!
Fiquei encantado e sem reservas nenhumas sobre este livro, e agradeço à Levoir por ter editado esta obra sem redução de dimensões. Este livro é a prova provada de que a decisão de manter o formato original dos livros foi ganha. Seria horrível este livro ser amputado do espaço em que a maravilhosa arte de Toppi respira.
Este livro saiu a semana passada (5ª Feira dia 23) na Colecção Novela Gráfica, distribuída com o jornal Público.
Se quiserem ler a boa e extensa informação fornecida pela editora no respectivo press release deste livro, podem-no fazer no blogue A Garagem (é só clicar no link) onde se encontra na íntegra em conjunto com as imagens.
Toppi é um desenhador italiano da cidade de Milão, reconhecido tanto na Europa como no continente Norte-Americano. O seu estilo de desenhar a preto e branco foi inovador e encantou o público e a crítica. Toppi foi premiado no importante Festival de Lucca em 1975 com o Yellow Kid para Melhor Desenhador.
É Frank Miller que o introduz no mercado dos EUA, depois deste italiano ter influenciado nomes como Walt Simonson, Bill Sienkiewicz, Ashley Wood, Dave McKean e o próprio Miller!
Infelizmente faleceu em 2012.
As páginas de Toppi são um delírio visual, com linhas e curvas que se unem em requebros de poesia! Muitas vezes a roçar o psicadélico, mas sem nunca fugir de alguma contenção de modo a não perderem o sentido, Toppi consegue no meio de todos os seus rendilhados fazer com que as páginas respirem; existe espaço nas páginas, e isso evita que o leitor se sature com demasiada riqueza visual.
Depois de bastantes páginas a preto e branco Toppi provoca o leitor com o surgimento de páginas ricamente coloridas, provocando uma quebra e aumentando a atenção do leitor. Faz isto por duas vezes! Um livro visualmente perfeito para mim.
Relativamente ao texto, como o nome indica, é baseado nos célebres contos das "Mil e Uma Noites". Mas é isso: baseado. Existem diferenças grandes entre Sharaz-De e Sherazade. Ao contrário de Sherazade, Sharaz-De não fazia parte do reino, mas vai-se entregar de livre vontade mesmo sabendo que a morte a esperava na alvorada.
E enquanto Sherazade chegava à altura fatídica deixava o conto em suspenso de modo a que o Rei quisesse saber o fim da história no dia seguinte, Sharaz-De é muito mais segura de si mesmo; acaba sempre o conto e entrega-se à vontade do Rei para morrer, mas este quer sempre mais um.
A estrutura narrativa acaba por ser bastante parecida com as "Mil e Uma Noites". Os contos sucedem-se, mas sempre com diferenças. Temos marinheiros, génios e ladroes mas não temos Sinbad, Aladino ou Ali-Bábá.
As histórias estão poeticamente construídas, são ricas na sua forma escrita e sobretudo o seu conteúdo encontra a forma perfeita no desenho que lhe está subjacente. Já agora, voltando à estrutura, o livro não tem um final. Sharaz-De como de costume acaba o conto e entrega-se à vontade do Rei, e este mais uma vez quer outro conto.
Este foi o livro que mais me impressionou nesta colecção. Foi uma surpresa total a beleza deste livro!
Mais uma vez, parabéns à Levoir por esta magnífica publicação, o Leituras de BD não vai recomendar este livro, vai obrigar qualquer amante da 9ª Arte a ler este livro!
:D
Boas leituras
Hardcover
Criado por Sergio Toppi
Editado em 2015 pela Levoir
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