A obra Príncipe Valente de Hal Foster com o restauro de Manuel Caldas
Por vezes na vida passamos ao lado de grandes acontecimentos (ou são literalmente adiados por vários motivos). Sabia do interesse público nesta obra devido ao que me falavam dela, mas olhava para as edições publicadas durante os anos 70, 80 e 90 do século XX (concretamente as da ASA e da Presença) e não me apelavam minimamente (inclusive cheguei a pensar que o Príncipe Valente era um personagem mais infantil que outra coisa), talvez fossem as cores demasiado brilhantes da Asa ou o preto e branco demasiado “rebuscado” da Editorial Presença que me toldaram o meu campo de visão a nível mental e ocular. Ainda hoje não consigo explicar muito bem essa sensação.
Deixei passar muitos anos e essa imagem do Príncipe Valente ficou perdida na minha memória até aos meus 33 anos.
Ao ler a edição do editor Manuel Caldas fiquei a ver esta personagem com outros olhos. Não sei dizer se foi do magnífico trabalho de Manuel Caldas com o seu restauro único no mundo ou se simplesmente a imagem que eu tinha do Príncipe Valente (com o seu cabelo extremamente bem penteado) desapareceu da minha mente e foi substituída por uma imagem mais consentânea com o real valor desta obra.
Sei que li todos os álbuns com restauro do Manuel Caldas (e por uma questão de imagem mental penso que não irei ler em mais nenhuma editora na qual não exista este restauro) e fiquei com uma impressão de ler algo novo, VIBRANTE e realista que me moveu como pouquíssimas bandas desenhadas nos últimos anos. Com toda a certeza que a minúcia do restauro de Manuel Caldas linha a linha, pormenor a pormenor fez com que ainda gostasse mais da história. Teria gostado assim tanto dela se tivesse lido as edições nacionais anteriores a esta edição? Duvido, pois depois de a mente humana ter uma imagem implantada no cérebro demasiado tempo torna-se complicado apagar ou melhorar a mesma.
Logo o que me fez vibrar nesta obra para além do restauro de Manuel Caldas?
O desenho trabalhado até á exaustão por Hal Foster, a história carregada de simbolismos simples da vida, a forma como foram relegados para segundo plano nesta obra personagens tão carismáticos da história mundial como o Rei Artur, o mago Merlin ou o mito de Camelot; fez com que mentalmente entrasse naquele mundo de rajada (qual raio que me levou para um tempo diferente do que vivo).
Poderia falar ou escrever muita coisa acerca do Príncipe Valente; de como o autor tornou a personagem mais que uma mera personagem e deu-lhe uma vida mesmo, como a de um comum mortal trabalhando nela como o seu verdadeiro alter-ego e ao mesmo tempo oferecer-nos uma visão poética desta obra.
O Príncipe Valente apaixona-se, luta contra vikings, contra pictos, é feito prisioneiro, percorre o mundo de lés a lés e ainda casa-se e tem um filho e a história continua verosímil?
Foi este o impacto do Príncipe Valente na minha vida, votado ao ostracismo da minha leitura desde os meus 16 aos 33 anos quando de repente descubro que perdi literalmente uma banda desenhada que já não existe durante este período da minha vida e que apesar de tudo consegui recuperá-la, como se de um tesouro se tratasse até á idade de hoje.
Poderia mencionar muitas mais coisas do enredo e da forma magistral como Hal Foster desenhava ou efabulava esta história, mas preferi dar a conhecer este meu lado pessoal (menos poético com toda a certeza) com este personagem.
Logo, o que posso dizer seja a quem for acerca do Príncipe Valente?
Leiam a obra, atentem no detalhe do desenho e do argumento, se possível comprem a mesma ao editor Manuel Caldas, assim como o seu fantástico livro “Foster e Val” se ele as tiver; seja em que língua for e se ficarem com a mesma impressão pessoal que eu fiquei depois dos meus 33 anos e tiverem uma “estória” pessoal vossa dentro desta fabulosa história desenhada será com toda a certeza uma mais-valia na vossa vida.
Fico feliz por o pessoal estar envolvido nisto e apresentar posts de qualidade!
Espero mais!
Acho que ficamos todos a ganhar.
Boas leituras!
Muito Bom!
ResponderEliminarPosso estar enganado, mas penso que o MAB vai ser a 1ª oportunidade em que vamos poder ver o "trabalho" do Caldas, conhecido como é, o seu lado anti-social.
Lili
Bem, já estou como a Diabba, num post que fez há uns tempos atrás e que achei muita piada :) Eu não percebo nada de BD, mas que este texto do meu super herói ficou muito bom, lá isso ficou! :) É verdade, tenho a sorte de ter um super herói em carne e osso :) Parabéns pela iniciativa, Nuno! E venham mais coisas destas ;) Bjinhos
ResponderEliminarMais uma óptima colaboração. Estás a acertar em cheio nas escolhas Nuno.
ResponderEliminarO Leituras de BD vai tornar-se um ponto de encontro obrigatório para os amantes da BD.
Um abraço.
Então Lucaimura, e tu não te candidatas??
ResponderEliminarPodes falar de uma obra onde entrem as FUCK. hihihihihi
beijo d'enxofre
Lili
ResponderEliminarNão tenho a certeza, mas acho que estás enganado.
Acho que o Caldas já ganhou um prémio no FIBDA, e se ganhou teve direito a exposição. Mas também posso estar a fazer confusão. Irei confirmar!
:P
Paula
Obrigado. Espero que haja mais colaborações. Se eu conseguisse pelo menos uma por semana era muito fixe!
O texto do teu jeitoso, ficou fixe!
;)
Lucaimura
Espero que sim, é esse um dos objectivos!
:)
Diabba
(hehehheheh)
:D
E como anda a guerra do Caldas com o editor(?) e como ficará o resto da série?
ResponderEliminarpco69
ResponderEliminarOlha não sei... parece que anda ainda em tribunal, mas não faço ideia de como está a decorrer!
O resto da série, bem... não sei se irá ser editado mais algum pela Bonecos Rebeldes, visto já ter passado muito tempo desde a última publicação desta editora.
Sei que o Manuel Caldas está a trabalhar neste título para o Uruguai!
;)
Já estive para comprar isto, mas o preço para uma edição softcover, o facto de já ter a colecção da ASA e de a colecção ter chegado a um impasse, desencoraja-me um pouco... Após ler este post, que mais uma vez fala numa edição "única no mundo" lembrei-me das newsletters que recebo frequentemente em que se refere o Príncipe Valente e resolvi ir ao site "esmiuçar" se esta será assim tão única ou seria um patriotismo exacerbado. Ainda ontem houve uma promoção de 33% para a compra de alguns dos álbuns. E então não é que quando lá começo a ler com atenção,vejo que a edição a cores deve ser igual à da Asa, mas a edição P/B é "importada" de Portugal?! Vocês provavelmente já o saberiam mas para mim foi uma surpresa! Afinal deve mesmo se única no mundo :-). A diferença é que por 29$ (23€) compra-se uma versão HC...
ResponderEliminarhttp://www.fantagraphics.com/browse-shop/prince-valiant-vol.-1-1937-1938-black-white-libri-impressi-edition-north-america-only.html
Correcção: 35$ ou 26€. Salvo erro, é o que custa cá a softcover, certo?
ResponderEliminarLuis
ResponderEliminarÉ única no mundo e as mais recentes edições do Príncipe Valente têm como base o trabalho de restauro arte-finalista do Caldas, mesmo aquelas que são a cores. Estou a falar das mais recentes.
Os livros custam entre 25 e 27,50 EUR, nunca ouvi falar de mais do que isso. Mas valem todos os centavos! E não te esqueças das dimensões e do papel... os que vês mais baratos devem ter dimensões mais pequenas e não sei se o papel terá a mesma qualidade. A edição portuguesa é de luxo! Só lhe falta a capa dura, mas isso iria encarecer mais um livro que já seria caro, sobretudo para o nosso mercado. Tenho feito a colecção do PV aos poucos, e agora já so me falta 1.
;)
Caro Luis e Bongop,
ResponderEliminarO Principe Valente do Manuel Caldas é obra única no mundo.
Essa edição da fantagraphics é muito bom e assemelha-se á nossa.
(penso que só o formato das páginas e do papel é diferente).
O preço é mais barato que o nacional apesar de ser em capa dura.
Mas a "nossa" edição é espectacular e tem uns acabamentos geniais.
Poderia ser em capa dura, mas tornava o livro ainda mais caro.
Todos os livros com o rigor técnico do Manuel Caldas são excelentes e eu não consigo ler agora o Principe Valente sem este rigor técnico apuradissimo (como menciono no texto).
Logo penso que prefiro ler em espanhol a obra do que esperar pela portuguesa ou ler uma inglesa com boa qualidade mas inferior á publicada no Uruguai com o mesmo trabalho gráfico que era feita na nossa nacional.
Eu sou suspeito porque gosto de todos os trabalhos do Manuel Caldas.
Mas penso que o novo livro do Principe Valente publicado no uruguai tem a mesma qualidade que o nacional e adoro a capa do mesmo.
Abraço
Luis
ResponderEliminarAcho que o Oneiros te respondeu com plenitude e com mais propriedade que eu!
:)
Luis e Bongop,
ResponderEliminarEu não sei se respondi bem, mas acho que de acordo com uma entrevista que fiz a Manuel Caldas e com colaboração de outros criticos de BD em 2011 o trabalho de Manuel Caldas prima sempre pela excelência.
Oneiros
ResponderEliminarQue prima pela excelência eu posso corroborar, visto que só me falta um Principe Valente, e já é pós-Caldas".
;)
Pois, eu tenho esses volumes restaurados pelo Caldas, que são de facto exemplares únicos. Se o trabalho do Foster é irrepreensível, o do Caldas não o é menos. E esses volumes são de facto obras-primas aqui e em qq lugar do mundo. Tenho pena por isso que o resto da colecção não seja editada, devido ao que aconteceu (e nem sequer vale a pena falar disso). Mas os volumes que sairam são de facto uma delícia para qualquer um, pois percebe-se claramente que foram trabalhados por um grande admirador da arte do Foster que consguiu com a sua paciência, colocá-la no patamar que merece. Ali´s, as imagens que aqui foram colocadas são já um aperitivo que funciona melhor do que quaisquer palavras que eu diga. Um abraço.
ResponderEliminarJoão Amaral
ResponderEliminarConcordo perfeitamente contigo!
É um espectacular preto e branco, e já nem consigo sequer imaginar o Príncipe Valente a cores!
:)
Posso ter-me feito entender mal na resposta ao Luis.
ResponderEliminarLi algures na internet que havia interessados lá fora em utilizar o maravilhoso preto e branco do Caldas para fazerem edições coloridas, e não "...as mais recentes edições do Príncipe Valente têm como base o trabalho de restauro arte-finalista do Caldas...". Apenas li intenções de aproveitar esse trabalho.