A Aida Teixeira conheceu o João Spacca o ano passado durante o 22º Amadora BD, e quis conhecer uma das suas obras emblemáticas: D. João Carioca.
Ora como não havia à venda por cá (nem no Amadora BD) o Paulo Monteiro fez o obséquio de lhe emprestar o livro!
Assim surge esta crítica, ao jeito muito particular da Aida Teixeira!
D. João Carioca
Desde o ano passado que tinha curiosidade para ler/ver este livro (a vantagens dos livros de BD é poder ver-se arte enquanto lemos). Curiosidade porquê?
1 – Disseram-me que era um livro excelente;
2 – Que foi um enorme sucesso no Brasil;
3 – (a mais importante) Tive o prazer de, há 1 ano, conhecer pessoalmente o artista João Spacca, que é uma simpatia, e ao que já tinha visto na net, tem um desenho que é mesmo o meu género.
Infelizmente, e como já vai sendo hábito, o Amadora BD trouxe-o cá há 2 anos, mas “esqueceram-se” que o livro não estava editado cá, portanto o Spacca não teve livros para autografar, pois a organização não se preocupa com esse “pormaiores”, e abandona ali o artista na zona dos autógrafos, a ver “navios” e a sentir-se humilhado porque ninguém o procura, ninguém o conhece, e nem podem conhecer pois não tem obra publicada, nem a organização lhe solicitou que trouxesse alguns livros (que venderia)… enfim, às vezes tenho a sensação que a organização do Amadora BD é amadora, no verdadeiro sentido da palavra.
Mas agora, e graças ao Paulo Monteiro, que fez o enorme favor de me trazer, de Beja, o seu exemplar autografado, já o li/vi.
O desenho está fantástico, muito, mas muito pormenor, nota-se que houve ali imenso trabalho de pesquisa, quanto aos lugares, monumentos, insígnias, vestuário de época, e factos históricos, mas … (há sempre um mas) o livro maçou-me.
É uma aulas de história dada por um professor chato, sempre espartilhado nos factos relevantes, e não dando importância àquilo que faz arrebitar qualquer aula: as curiosidades acerca dos personagens, uma piada aqui, uma graçola ali – nada!
Caramba, fiquei tão aborrecida que, quando acabei de ler, eu mesma fui procurar curiosidades sobre os personagens, não podiam ter sido tão chatos, e NÃO FORAM.
Sabiam que a D. Carlota Joaquina, era conhecida como a “megera de Queluz”? A mulher fez o que bem lhe apeteceu, desde os 8 anos. Tenho de a admirar (mas lembra ao diabbo casarem uma criança de 8 anos com um marmanjo (feio cumós trovões) como o D. João??), na "noite de núpcias" defendeu-se à dentada, trincou uma orelha ao gajo e deu-lhe com um castiçal no toutiço. Ficou assente (por decreto, ou algo que o valha) que "relações sexuais" só depois dos 14 anos, antes disso só se ela quisesse. Um engraçadinho de um padre gozou com isso fazendo uma pequena paródia "o gato que cheirou e não comeu" e ela mandou açoitá-lo nas nalgas com um chicote, e que lhe fosse introduzida pimenta no seu clérigo ânus... tudo isto me parece muito bem. Hihihihihihi. Ahhhh e também parece que era um nadita ninfomaníaca. Dizem as más línguas que dos 9 filhos só 5 era do D. João (cá para mim mesmo os 5… tenho dúvidas, leiam sobre ela e divirtam-se).
O filho D. Pedro foi retratado como um engatatão, que nada mais sabia do que música e luta de espadas, de resto a cultura geral, línguas… foi uma desilusão para a mulher. (uma mulher culta calhar-lhe na rifa um calhau giro, só podia passar a ser conhecida como “a princesa triste”) .
O D. João viveu quase sempre separado (fisicamente) da D. Carlota, em casas diferentes, quer em Portugal, quer no Brasil, porque ela tentou de tudo para o controlar, a ele, e aos assuntos de estado. Não o conseguindo tinha ataques de mau feitio que não lembravam ao diabo. Gira, esta personagem. Não foi aproveitada, nada.
O livro está todo centrado no D. João em que quase nada teve de ser feito para o “abonecar” o pobre homem tinha mesmo aquele ar de atrasado mental. Era muito inseguro na suas decisões e adiava tudo o que podia só para não ter de tomar partido, ou um decisão firme. Enfim, não governou, foi governado, e foi governando.
Recomendo o livro pelo desenho, mas a narrativa é muita maçadora, a Lilia Moritz Schwarcz que me desculpe, mas falta-lhe, na narrativa, a “pimenta” tão portuguesa.
Se o quiserem ler/ver terão de o mandar vir do Brasil, em Portugal não há à venda.
Vou pontuar de forma diferente da do Nuno:
Desenho: 9 em 10
Argumento: 3 em 10 (sim, porque factos são factos, não há ali criatividade quase nenhuma)
Texto por: Aida Teixeira
Espero que tenha agradado!
A Diabba (aka Aida Teixeira) também tem um blogue onde de vez em quando escreve alguns textos engraçados. Façam-lhe uma visita, basta seguir o link:
Inferno da Diabba
Boas leituras
Agradou-me algumas partes da análise, outras menos, mas o que gostei mesmo foi a forma como a Aida deu a pontuação. Claro que é tudo subjectivo (tanto em arte como em texto), mas a divisão que fez faz-me muito sentido e até sugeria que se fizessem mais pontuações com este modelo.
ResponderEliminarA Aida Teixeira tem problemas de pontuação (que assume) anda sempre em guerra com as virgulas, umas vezes a mais umas vezes a menos, umas fora do lugar, outra no lugar certo, ela e as vírgulas nunca se vão entender, isso já é um dado adquirido. ]:-) (em jogador de futebol mode)
ResponderEliminarHá ali no texto uma parte que diz que conheci o Spacca no ano passado, e outra que diz que foi há 2 anos... agora baralhei-lhe, tenho quase a certeza que foi o ano passado, ou não terá sido? Isto da idade é uma cena tramada. ]:-(
enxofre
Diabba
ResponderEliminarAcho que a pontuação que o Luis Sanches estava a falar, era da maneira como deste a nota ao livro (desenho e argumento separado).
E foi o ano passado que conheceste o Spacca!
;)
A arte de cara me agradou! Ótimo texto!
ResponderEliminarGuy Santos
ResponderEliminarO cara é brasileiro! Dos bons!
Será que nós aqui em Portugal conhecemos melhor os vossos artistas que vocês??
:|
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminarConheço essa edição e apesar de gostar de História, confirmo a maçadora narrativa devido ao mui (demasiado para uma BD?) rigor histórico e grande volume de páginas (+de 90).
ResponderEliminarSem outra opção, lá tive de fazer um pequeno "crime" e sacar da Internet, essa história que não destoaria se a Bertrand a editasse na sua série "História de Portugal"... Eu seria o primeiro a comprar!
Essa de ler livros num ecrã continua a não me cativar e é também um dos motivos de ainda não passar do meio da história…
Tema Histórico: 10 / 10
Arte: 10 / 10 (estilo favorito)
Argumento:
...para crianças:4 / 10
...para jovens: 6 / 10
...para maiores:7/10
...para "loucos" de História: 9/10
...para nerds de História e BD: 11/10
ASantos
ResponderEliminarBom desenho, argumento muito seca... e eu adoro História! Mas a História contada assim não ensina ninguém... apenas faz adormecer!
:D
Diabba
ResponderEliminarExactamente como o Nuno disse. Acho uma boa ideia separarem as notas entre a arte e o argumento (também seria fixe uma 3ª a pontuar a junção das duas primeiras, mas se começarmos a adicionar, hão-de aparecer sempre cada vez mais notas :)
Em relação às virgulas, sei o que isso é. Quando escrevo parece sempre que ia apanhar o autocarro. As minhas virgulas são raras e mal colocadas.
Em relação a este tipo de livros é cairem nessa armadilha de darem tanta informação que se tornam enfadonhos. Tenho ali uns belos 4 volumes da história de Portugal (já com alguns anos), que está desenhada de forma excelente. Mas nunca li aquilo tudo (nem cheguei ao fim do 1º). A forma de contar é tão aborrecida que desisto sempre :S
Luis Sanches,
ResponderEliminarO blog é do Nuno, e esta coisa de dar notas é muito subjectivo, porque o que não é bom para mim, pode ser excelente para outra pessoa, como muito bem disse "se começarmos a adicionar, hão-de aparecer sempre cada vez mais notas", ele tem o modelo dele, e parece-me que ele consegue encontrar o equilíbrio entre argumento e arte, eu é que sou uma complicada.
Por um lado não queria dar má nota ao Spacca, por outro não me parecia bem dar boa nota ao argumento.
Na "palavra dos outros" manda quem escreve (acho eu), portanto quem escreve pode dar as notas como quiser (é o que eu faço) hihihihi.
Muito obrigado a todos que comentaram.
Beijos d'enxofre