A Aida Teixeira manda outro texto para este blogue. Desta vez uma pequena publicação de Carlos Rocha editada pela Bedeteca de Beja, sim esta bedeteca publica livros de BD...
Fiquem então com as palavras da Aida:
O Maior de Todos os Tesouros
Li, há pouco tempo, um exemplar de uma edição da Casa da Cultura do Município de Beja (nº 5 da Colecção Toupeira, ano 2009) – O Maior de Todos os Tesouros – do desenhador Carlos Rocha, e que, neste caso foi também o argumentista.
Sou amiga pessoal do Carlos Rocha, mas isso em nada me impede de fazer uma apreciação da obra.
É uma pequena história cheia de bom humor, pejada de pormenores que nada têm a ver com a época em que, pretensamente, se passa a aventura, e, parece-me, por isso mesmo têm graça.
O humor do Carlos não passa só pela escrita, também as (ou “os”, ambos são admitidos no léxico português) personagens têm graça, pela postura, pelos tiques, pela afectação com que corrigem ou enganam os seus semelhantes.
Não pretendeu o Carlos, com esta história, fazer história na Banda Desenhada, nota-se que se divertiu a construí-la no seu todo.
Li algures, que um dos personagens é cópia de um personagem de desenhos animados que eu vi no século passado – o Bucha e o Estica – no caso seria cópia do Bucha, e não por acaso não concordo nada.
1 – Porque nem sequer está parecido, a não ser pelo volume.
2 - Se formos por aí, todos os bonecos “gordos” serão cópia do Bucha, e não são. No caso, se calhar, o Carlos ainda não tinha pensado no seu Guga (que, agora, já todos conhecemos), mas o “boneco” gordalhufo que aqui aparece já era o Guga, o Carlos é que ainda não sabia (ou sabia?)
A história é engraçada, e correndo o risco de fazer “spoiler” cá vai: há um grupo de malfeitores que não tem grande sorte nos assaltos, e por isso sonham assaltar alguém da nobreza. Por sorte um dia um nobre “cai-lhes no colo”, e é aí que eles acham que a sorte lhes sorriu finalmente.
O príncipe (sim, sorte grande, o nobre era um príncipe) promete-lhes “o maior de todos os tesouros”, e pronto, lá leva o bando para que tomem posse de tão grande tesouro.
Mas até os nobres têm atitudes pouco nobres, mesmo quando não faltam à verdade, e cumprem o que prometem.
Adorei os pequenos pormenores que se vão descobrindo ao longo da história, como o símbolo do Benfica nas cuecas do chefe do bando, as persistentes correcções que um dos subalternos faz ao chefe.
O desenho? Está bom, mas actualmente (e já decorreram 4 anos) o Carlos desenha muito melhor, com mais segurança, e os “bonecos” saem mais bonitos e naturais, mesmo quando não são para ser bonitos.
E se melhorou tanto em 4 anos, o Carlos vai ser incomparável dentro de alguns anos. Sim, ainda acho que tem margem para aprender, e eu sei que ele gosta de aprender, melhorar, e ir mais longe. Não se contenta com o elogio fácil que grassa por aí “está fantástico”, “fabuloso”, “nunca vi melhor” etc. etc. etc.
Termino com uma citação do chefe do bando de malfeitores “Há tipos que não desenham népia mas julgam-se grandes artistas, e nós sem coragem para dizer-lhes na cara a verdade, mas nas costas deles e entre amigos fartamo-nos de rir”.
O Carlos Rocha não é um desses casos. Ele é, e será um caso sério na Banda Desenhada nacional, e com sorte, salta lá para fora.
Texto de Aida Teixeira
Espero que tenham gostado, para verem as outras publicações da Aida Teixeira é só clicar no nome dela!
Boas leituras
"Ambos os dois"...eh,eh,eh!
ResponderEliminarParece que os caras não são tão bons assim no que fazem, pois o pegaram um príncipe, mas parece que o príncipe está a relutar dar-lhes um dinheiro... espertinho ele, com essas teorias de amizade e confiança. rsrs...
Abraços.
Fabiano Caldeira.
Sim, foi uma história sem pretensões a Nobel; às vezes sabe bem, fazermos algo simplesmente pelo gosto de fazer, divertirmo-nos sem compromisso, e rir.
ResponderEliminarSim, isso da "postura" e "tiques" que têm cada um dos personagens é algo de essencial, pois diferencia-os uns dos outros, dá-lhes personalidades próprias, e uma história só ganha com isso.
Sim, também sinto que aos 38 anos não evoluí tudo o que tinha para evoluir, e sinto um prazer e contentamento enorme quando faço um risco melhor que o anterior.
Obrigado. Ao Nuno Amado pelo espaço disponibilizado para, mais uma vez, poder mostrar o que mais gosto de fazer; bonecos. ;)
Obrigado. À Aida Teixeira pela surpresa e palavras de confiança absoluta no meu talento.
Obrigado. Ao Paulo Monteiro por em 2009 tão bem ter recebido estas pranchas e editá-las.
Adoro-vos aos três.
Fabiano
ResponderEliminar"Ambos os dois" é bonito... lol
:D
Carlos Rocha
Não tens nada de "obrigadar", este canto está à tua disposição!
;)
Foi um prazer ler e rir-me com esta história, e descobrir os pequenos detalhes que podem escapar a quem estiver mais desatento.
ResponderEliminarDificilmente te livrarás de mim Carlos Rocha.
]:-D
E é de referir que custa apenas € 3,5! Rir faz sempre bem e vou comprar na primeira oportunidade!
ResponderEliminarAndré,
ResponderEliminarPodes tentar no Festival Internac. BD Beja, não sei se encontras em mais algum lado.
Mas vale os 3,50€ (até vale mais do que isso).
beijo d'enxofre
Tive a felicidade de, logo na 1ª (e até agora, única…) vez que fui ao BDBeja, ser “presenteado” pelo lançamento dessa história que tem tudo haver com o meu gosto pela BD: estilo franco-belga ( melhor, com um “toque Axteristico”… ;-) ) e muito bom humor. Fiz “força” (mental…) para que Carlos Rocha continuasse a apostar nesse estilo e nos oferecesse outra história mais longa para um maior público - … não resultou!
ResponderEliminarPorque… falta incentivo(?); tempo(?); mecenas…
Tenho a ideia de que se fosse aqui “ao lado”, as portas se abririam com muita mais facilidade e maiores oportunidades de evolução… e dou como exemplo a história TREYES (dividida em três volumes) com os mesmos parâmetros do C.Rocha , mas, ainda muito mais “Axterístico”! (…só para contrariar os que ficam “chocados” com os “copianços” ).
Porque… eles têm uma melhor cultura BD(?); mais leitores BD (?); uma “escola”; mais editoras (?)…
Muitas perguntas em que a “boa vontade” não entra / chega…
Olá Fabiano Caldeira:
ResponderEliminar"Ambos os dois" foi apenas uma das várias redundâncias para o qual o tipo chamou a atenção do chefe. É o meu exercício de observador crítico no tão pouco cuidado que têm as pessoas no falar. E nesse particular há tanto por onde se lhe pegar. ;)
Olá Nuno:
Tenho, em um caderno de argolas, escrito, no centro de uma folha, esta única e simples frase: "Agradece e nunca te esqueças dos que te ajudam." Espero tê-la cumprido até hoje. Abração.
Olá Virgulina:
A frase acima pertence-te igualmente.
Dificilmente me livrarei de ti? E quem disse que eu queria? ;)
Olá André Azevedo:
Agradeço-te o interesse em adquirir a peça. Só espero que ao folheá-lo depois não percas a vontade de rir! :D
Olá ASantos:
Aconselho-te a não fazer tanta "força", que pode dar mau resultado(if you know what I mean). Brincando ;)
Que bom gostares do estilo franco-belga; eu não sei fazer outro. E sim, estou a tentar apresentar um álbum com uma história longa, mas já reparei numa coisa: que nós podemos ter planos na vida, mas esquecemos que ela tem os seus próprios para nós. Quero dizer que vou fazê-lo, mas na sua altura.
Já agora, sei que o Nuno não me levará a mal, e até mo incentivará, em deixar um link do meu fb, onde partilho trechos de uma bd (2010), para teres uma ideia mais próxima do que faço.
https://www.facebook.com/media/set/?set=a.134059930110940.1073741828.100005208012797&type=1
Abraço!
André Azevedo
ResponderEliminarSe pedires ao Paulo Monteiro ele de certeza que te manda por correio!
;)
ASantos
Brevemente o Carlos Rocha terá uma prenda para ti!
:P
Carlos Rocha
ResponderEliminarConsidero-te meu amigo, e eu não digo isto a toda a gente!
Este blogue prezo-o bastante por me ter feito conhecer algumas pessoas maravilhosas!
:)