Não é a primeira fez que André Lima Araújo passa neste blogue, e penso que esta não será a última de certeza. Aquando de um Workshop que ministrou aproveitei para lhe fazer uma entrevista que podem ver no link Workshop Redcotton. Mas como é um dos autores presentes neste Anicomics vai ser entrevistado novamente!
Como irão reparar, eu fiz 10 perguntas ao Jorge Coelho (cliquem no nome se quiserem ler a entrevista), e irei repetir a mesma dose para o André Lima Araújo, apenas a segunda pergunta é diferente!
Poderão admirar alguns dos trabalhos deste desenhador no seu blogue: http://andrelimaaraujo.blogspot.pt/
Penso que o André Lima Araújo tem uma enorme margem de progressão, com um estilo bastante agradável à vista, e levou os maiores elogios nos terríveis grandes fóruns norte-americanos de comics. É bom, porque já vi muito autor ser completamente arrasado nestes fóruns! Para além disso a crítica mais "institucional" tem sido muito boa, portanto prevejo que mais tarde ou mais cedo agarre um título de topo por inteiro!
Biografia André Lima Araújo
André Lima Araújo (1985) formou-se como arquitecto na Escola de Arquitectura da Universidade do Minho em 2009. Em 2011 assumiu a condição de ilustrador e criador de Banda Desenhada a tempo inteiro, onde o seu trabalho variou entre a BD de autor e o trabalho como ilustrador freelancer, com participações em diferentes edições da Zona (Schaffer Inc. – Parasitóide, Nómada), ilustração dos livros infantis Os Vigilantes das Lagoas (vol. I e vol. II) e colaborações com alguns autores estrangeiros, para além da criação dos títulos Man Plus e Crux Et Gladius. Em 2012 começa a trabalhar para a Marvel, tendo desenhando, desde então, vários números de diferentes títulos (FF#22, X-Treme X-Men #7.1. e #12, Fantastic Four #5AU, Age of Apocalypse #14, Age of Ultron #10AI) e foi recentemente anunciado como o desenhador do novo título Avengers A.I. O seu livro Man Plus está em produção e deverá ser publicado em 2014.
Agora podemos passar à entrevista!
Entrevista a André Lima Araújo
Como chegaste ao mercado norte-americano? Como aconteceu?
Em 2009, logo após terminar o meu curso de arquitectura, conheci o editor da Marvel C.B. Cebulski, no Amadora BD. Mostrei alguns dos meus desenhos e ele deu-me o contacto. A partir daí, entre um ano a trabalhar como arquitecto e outro à procura de emprego (enquanto arquitecto ou autor de BD) fui mantendo o contacto com pessoas da Marvel e mostrando o meu trabalho até que a oportunidade surgiu.
Numa anterior entrevista que te fiz disseste que estavas a tentar publicar alguns títulos teus no mercado norte-americano. Como é que está a correr? É um sonho, ou já é realidade?
É neste momento uma realidade. Além do meu trabalho com a Marvel, tenho vindo a desenvolver um projecto meu e que será publicado para o ano, noutra editora.
Qual é dos teus trabalhos até este momento aquele de que te orgulhas mais, e porquê.
De momento ainda tenho uma carreira relativamente curta e estou a trabalhar em algumas coisas (tanto a nível da Marvel com a nível pessoal) que só daqui a algum tempo verá a luz do dia e com as quais me identifico verdadeiramente, uma vez que além do desenho das páginas propriamente ditas, estou também a trabalhar nas fases de concepção e desenvolvimento.
Daquilo que já foi oficialmente publicado até agora, o meu favorito, tanto de o fazer como do resultado final, foi o Fantastic Four #5 AU, escrito pelo Matt Fraction. Não só porque a nível técnico e de narrativa fiquei relativamente satisfeito mas também pela colaboração com o Matt, que apesar de curta, foi interessante.
Quais são as técnicas de desenho que usas mais neste momento? Tradicional, digital ou misto?
Em termos de desenho é tudo tradicional. Ou seja, lápis e tinta da china. Nos projectos pessoais, além da linha, faço também a balonagem, cor, tons de cinza, logótipos edição, etc, e todos estes passos são digitais.
Qual é o teu sonho como artista de Banda Desenhada e Ilustração?
Continuar com o que estou a fazer está muito perto do que melhor consigo imaginar. O meu plano sempre foi começar a trabalhar em Banda Desenhada ou pela Marvel ou através dos meus próprios projectos. Independentemente de qual surgisse primeiro, gostaria de experimentar os dois. Uma vez que esteja mais estabelecido, espero conseguir mais tempo para concretizar as minhas ideias, mas sendo que me encontro a trabalhar na Marvel e com um livro de autor em desenvolvimento para publicação, dificilmente posso pedir mais.
Qual o argumentista com que gostarias de trabalhar um dia, e porquê.
É difícil dizer um nome, por isso posso listar aqui alguns dos meus favoritos: Robert Hickman, Matt Fraction (estes dois com quem já colaborei), Mark Millar, Brian K. Vaughn, Robert Kirkman, Brian Wood, Brian Michael Bendis, Scott Snyder, só para citar alguns.
Tenho aqui de mencionar o Sam Humphries, com quem estou a trabalhar para o Avengers A.I. e para já a colaboração tem sido óptima, uma vez que temos várias referências em comum e temos conversado bastante sobre narrativa. Isso por si só faz já dele um óptimo argumentista com quem trabalhar é um gosto.
O que pensas sobre a BD nacional e o seu rumo actual?
Enquanto autor, lamento que não haja condições financeiras (especialmente neste momento) para suportar um mercado verdadeiramente português, onde os autores nacionais possam crescer e expressar-se na sua língua. Isso obriga aos autores a terem de procurar oportunidades noutros locais. Enquanto leitor também lamento não poder ler muitas das minhas colecções editadas em Português e que muitas das que são começadas com edição nacional, não são depois acabadas, o que não ajuda obviamente a conseguir mais leitores.
Por outro lado, com os festivais como o Anicomics, o número crescente de autores a destacar-se e outras iniciativas, como este blog, fica a esperança que a massa compradora/crítica aumentem e que a BD em solo nacional continue a crescer, tanto em produção como em vendas.
Tens projectos actuais, ou futuros, de que possas falar neste momento?
De momento estou a trabalhar em dois projectos, como referi anteriormente, e que deverão ocupar-me os tempos próximos. Na Marvel sou o desenhador no livro Avengers A.I., escrito por Sam Humphries e que terá o seu primeiro número em Julho. O meu livro de autor, Man Plus, está também em produção (escrito e desenhado por mim) e começará a publicação no próximo ano.
Qual o teu sentimento/opinião em relação ao Anicomics?
É um sentimento muito positivo, como já mencionei em respostas anteriores. É um acontecimento criado e gerido por pessoas competentes, que conhecem o público e sabem como preparar um evento deste tipo. Portanto é de destacar não só pelo acontecimento em si mas também pela aproximação que traz entre público, criadores, vendedores, etc., algo que só vem ajudar a estimular a BD nacional a longo prazo.
Alguma mensagem em particular que queiras dirigir aos leitores do Leituras de BD?
Que continuem a ler o site, um local atento e proactivo e que continuem a comprar e a ler BD e a apoiar os autores nacionais.
Obrigado André!
:)
O André Lima Araújo para além de estar presente no debate "Desenhadores portugueses no mercado americano", com Jorge Coelho, Daniel Henriques, Filipe Andrade e Nuno Plati; moderação de Mário Freitas (Dia 11 às 14h00 - Auditório), também dará autógrafos dia 11 às 17h00 e dia 12 às 16h00 - Biblioteca, Piso 2.
Vai também estar patente uma exposição de originais na Biblioteca, Piso 0 referente a este desenhador.
Poderão consultar o programa do Anicomics no seguinte link:
Anicomics Lisboa 2013
André Lima Araújo |
O Leituras de BD apoia e recomenda o Anicomics
Boas leituras
Adorei a arte do André e isso é muito bom para mim, pois sou um dos que está a aguardar o lançamento de Avengers A.I. há um tempão. agora fico até mais animado.
ResponderEliminarDevias ter pedido ao André para te enviar uma fotografia dele, também.
ResponderEliminarVenerável Victor
ResponderEliminarSe estás à espero do Avengers A.I. espero que gostes mesmo do desenho do André!
LOL
:D
Paulo Costa
Ora... para quê, para guardar na carteira?
:P
(Não costumo colocar nestes posts a "cara" do artista, não há espaço!)
:D
Para se saber quem é a pessoa entrevistada, ora. Imagina que eu fazia uma entrevista ao Tiago Monteiro e depois só punha a fotografia do carro dele.
ResponderEliminarE aqui até dá muito jeito ao autor. Se seguirem para o Anicomics depois de terem visto a foto dele aqui, vão ter mais facilidade em ir ter com ele, do género "conheço este gajo, é o artista tal".
Paulo Costa
ResponderEliminarDe algum modo não deixas de ter razão. Mas também não queria fazer fazer diferente agora, já fiz a entrevista ao Jorge Coelho sem foto (as outras anteriores também sem foto) e não ficaria bem agora colocar a foto, para além disso quando comecei a fazer as entrevistas e pedi foto, todos os entrevistados me disseram que o importante eram os desenhos e não as fotos deles... aí borrifei-me para as fotos.
As seguintes ao Anicomics vou tentar arranjar foto.
;)
Como tu não és jornaleiro não estás habituado a ser um chato. Comigo é logo "deixa-me mas é de m****s pseudo-artísticas e manda lá a p*** da foto, c*****o"
ResponderEliminarPaulo Costa
ResponderEliminarLOL
Estás feito um grande macho!
ahahahaha
:D
Então parece que é normal os entrevistados não quererem enviar foto! Certo?
:D
Bem, no nosso caso, eles às vezes até mandam fotos. Na maior parte dos casos, temos que os chatear porque mandam fotos com baixa resolução, dizem que resolvem amanhã, e nós temos que responder que pomos a fotos do ano passado, e de pois eles reclamam que não pode ser por causa dos patrocinadores e lá se dignam a enviar uma.
ResponderEliminarHá pessoal que consegue gastar cem mil euros num carro novo, mas acha caro ter que pagar 50 a um fotógrafo para lhe tirar dois bonecos mais 50 para lhe fazer um press-release.
Por isso, chateia sempre o artista e ele que mande uma foto dele. Ou tira uma do Facebook. Essa coisa de artista eremita foi chão que deu uvas.
Paulo Costa
ResponderEliminarO problema das fotos sacadas por aí são os direitos de autor, não quero ser chateado por nenhum fotógrafo a dizer que a foto é "dele".
Eu por exemplo já caí em cima da Gradiva por usarem fotos minhas de autores para a divulgação e publicidade a livros deles. Por duas vezes!
:D
Por acaso, acho que o Paulo até tem razão. Ter a foto do autor até era interessante, eu sou gajo para passar por ele num destes festivais e não fazer ideia de quem é...e sabendo, era gajo pa meter conversa.
ResponderEliminarUm completo off topic, mas li isto agora no destak e é capaz de ter interesse, mesmo que provavelmente já não seja novidade: a HBO e o Guillermo del Toro vão adaptar o Monster (do qual julgo que tu falaste muito bem em tempos, não sei se aqui se ainda no CC) para uma série de tv.
Luis
ResponderEliminarSim, eu sei... mas como levei negas ao princípio de me mandarem uma foto, nunca mais liguei a isso.
Irei ver se consigo tornear isso, mas sem sacar fotos da net, não quero problemas de direitos de autor. Terá de ser o entrevistado a mandar uma foto...
:D
Adaptar o Monster era fixe! Vou ficar atento!
;)