terça-feira, 24 de setembro de 2013

Os Comics e os Anos 90: Marvel - Saga do Infinito [24]



A Saga do Infinito (Infinity Gauntlet, Infinity War e Infinity Crusade) vista pelos olhos do Hugo Silva!

Saga do Infinito
























 
A Saga do Infinito é um belo exemplo de não saberem quando parar. Começou muito bem com uma mini série de 6 números e foi caindo de qualidade nas sequelas, e foram logo três, duas nos anos 90 e uma na década seguinte, todas tendo o vilão Thanos como um dos maiores protagonistas. Falarei aqui um pouco desta saga que pudemos acompanhar em 3 mini séries de 3 números pela Abril Controljornal.

A saga do Infinito começou nas páginas da revista do Surfista Prateado, que podíamos acompanhar na revista Superaventuras Marvel (que ainda era importada directamente do Brasil) e mostrava o Herói a tentar perceber as maquinações de Thanos e o caminho que este percorreu para demonstrar o amor que tinha pela entidade Morte e a prenda que este lhe queria dar.



Jim Starlin idealizou toda a saga que se viria a desenrolar numa mini série de 6 edições (por cá compilada em 3 revistas) e que levaria o nome de Desafio infinito, saindo em 1991. Para além do nome de Starlin outra coisa fazia todos terem curiosidade por esta mini série, o facto de ela ir ser desenhada por George Pérez. Seria quase como se fosse uma Crise nas Infinitas Terras da Marvel, o pior veria na edição #4, quando o artista (esgotado fisicamente e emocionalmente pelo trabalho que fazia na DC) sairia e seria substituído pelo “feijão com arroz” Ron Lim.

Pérez ainda passaria a tinta o lápis nas capas finais, mas o resto ficaria ao encargo do competente mas bastante inferior colega. Não estragaria muito o resultado final, como referi, o artista em questão é competente, fica tudo um pouco genérico mas não estraga muito o desenho e nem nos faz querer largar a revista como em alguns casos.

























 
Esta saga é bastante agradável, quase épica mesmo, o conceito todo da coisa é grandioso mas merece esse elogio já que é isso que Starlin nos quer mostrar. Thanos corteja um dos seres mais poderosos do Universo, a Morte e decide reunir as jóias do Infinito numa manopla que lhe permitia assim usar todas ao mesmo tempo. Estas jóias eram extremamente poderosas e permitiam controlar todo o Tempo, Espaço, Mentalidade, Alma, Realidade e claro imenso poder.

Com isto tudo nas mãos, Thanos decide encher a sua amada de presentes que ele achava que ajudariam a que ela se afeiçoasse a ele. Ele transforma a sua (alegada) Neta numa espécie de morto vivo e constrói um monumento fantástico no meio do universo entre outras coisas, aconselhado por Mefisto ele decide ir mais além e com um simples estalar de dedos acaba por matar metade do Universo (inclusive muitos heróis, como o Demolidor ou maior parte dos X-Men).

Pela Terra acompanhava-mos o ressurgimento da sempre estranha personagem chamada Warlock, que em conjunto com um grupo ainda mais estranho tenta convencer os heróis da Terra (com a ajuda do Surfista e do Dr. Estranho) a que o deixem liderar um ataque ao vilão. Isto causa obviamente algum desconforto na maioria dos heróis, especialmente naquele que todos acham sempre o líder nato nestas ocasiões, o Capitão América.

























 
A história é bem construída, existem personagens bem caracterizados e que ajudam a que a saga avance apesar de uma ou outra coisa mais estranha pelo caminho (como o comportamento de Drax o Destruidor). O ataque dos heróis dá azo a bons momentos de acção e de comportamento de heróis, como se iria verificar nas atitudes do Capitão América ou do Thor (aqui ainda era Eric Masterson). Thanos tem um deslize na batalha, quando decide dar uma oportunidade aos heróis e não usar alguns dos poderes das jóias, algo que quase resulta na derrota dele mas que o vilão rapidamente se apercebe e corrige de imediato.

A saga atinge os contornos épicos quando obriga a que quase todas as grandes entidades cósmicas do Universo Marvel entrem em acção, de modo a tentar impedir que Thanos faça o que queira do Universo. Galactus, Epoch, O Estranho, Celestiais entre outros tentaram deter Thanos sem sucesso, deixando então o caminho livre para a entidade ultra poderosa chamada Eternidade entrasse em acção.

Quando o vilão ultrapassa mais este obstáculo, decide prescindir do seu corpo (e da manopla) sendo apenas um ser astral e ocupando o lugar da Eternidade. A sua neta Nebula consegue então apoderar-se da manopla e segue-se mais uma batalha com os heróis que acaba quando Warlock se apodera do objecto e se afirma como o dono por direito da manopla, acabando assim com a saga e levando a que Thanos cometesse suicido (aparentemente). A história acaba com Warlock e o seu grupo restrito a visitar um Thanos abatido e relaxado, a trabalhar numa espécie de uma quinta e a mostrar que já não era um perigo por ninguém.



Starlin sabe escrever Thanos como ninguém, e a coisa melhora quando ele mostra que os heróis também não confiam em Warlock e este nunca parece ser o que realmente aparenta. No geral é mesmo uma das melhores sagas da Marvel e uma história bastante interessante.

Um ano depois, a Marvel achou que estava na altura de repetir a dose e de colocar quase todo o universo Marvel envolvido em algo que tivesse também a presença de Thanos e de Warlock. Mais uma vez com a escrita de Starlin, o conceito da coisa não era mau de todo, aproveitando as sementes do final do Desafio Infinito quando Warlock decide retirar de si mesmo toda a maldade e toda a bondade, fazendo com que assim tomasse as suas decisões sem nada a influenciar as mesmas.



A sua contra parte maligna, chamada Magnus, que quer vingança sobre Warlock e Thanos, para além de dominar todo o Universo juntando para isso diversos cubos cósmicos e conseguindo criar um exército de cópias malignas de todos os heróis da terra, desde o mais conhecido (como Reed Richards) ao mais banal (como Speedball) e tentando assim semear a discórdia na nossa Terra e dominar todo o universo.

A arte estava a cargo de novo com Ron Lim, que tinha entre os arte-finalistas artistas como Al Milgrom, que não ajudavam em nada a sua arte e realçavam mais algumas das suas muletas e dos seus defeitos. Heróis quase todos idênticos, sempre com cara de mau e bastantes músculos, tudo de uma forma quase banal e sem carisma, mas que ao menos não tornava a coisa impossível de se ler, apesar de impedir a que pudesse ser algo mais.

Mais uma vez os heróis todos se reúnem para lutarem pelo seu destino, sendo quase destruídos por uma das contra partes malignas e mostrando assim o perigo que todos corriam porque o inimigo podia estar entre eles sem eles se aperceberem. No espaço sideral algo mais importante se passava, existia um julgamento para decidir se as jóias do infinito poderiam ou não continuar a ser utilizadas como até então, sendo que a decisão final foi a de que nunca mais deviam ser utilizadas ao mesmo tempo.

Quando Warlock e Thanos percebem que a única forma de destruir Magus era utilizando a Manopla do Infinito, segue uma batalha e uma procura pela entidade Eternidade para que esta deixasse utilizarem mais uma vez as jóias e assim acabar com aquilo tudo.

O nome Guerra Infinita adequava-se bem à saga, existiam batalhas sem fim e as coisas pioraram quando os vilões Destino e Kang decidem tentar roubar aquelas armas cósmicas para seu próprio uso. Starlin utiliza aqui muitos truques e twists, especialmente no final quando se revelou que Thanos era um dos guardiões de uma das Jóias do Infinito, mas não consegue o mesmo efeito épico da mini anterior e até é a dada altura apenas uma história onde há porrada sem limites. O pior foi quando acaba dando a entender que ainda viria mais uma saga, envolvendo o lado bom de Warlock, a Deusa.

Portanto o terceiro capítulo, saído em 1993, viria a chamar-se de Cruzada Infinita com um forte teor religioso e mostrando este lado bom de Warlock a reunir e a fazer uma lavagem ao cérebro a um grande número de super heróis (os com uma conotação mais religiosa, ou os que possuem uma grande Fé em algo). Starlin continuaria ao leme da coisa e a arte de novo ao cargo de Lim e com Milgrom a “ajudar” à coisa. Ao contrário das outras duas, chega a custar ler esta mini série de tão má que é tanto no argumento como na arte. É tudo muito básico, tudo muito previsível e sem sentido ao mesmo tempo. Mais uma tentativa de conquista do universo, mas uns heróis reunidos, mais uns plot twists mas pouca da magia e do encanto da primeira série.

Foi uma pena, estragaram e arruinaram um conceito interessante, e até acho que a primeira saga não tem o valor que merecia ter por ser avaliada num total e tudo estar já farto daquilo tudo a dada altura. E a Marvel ainda voltou à carga no início do Século XXI, mas isso fica para outra vez.

Texto:
Hugo Silva

Podem aceder a todas as publicações do Hugo Silva no Leituras de BD clicando no nome dele, e visitar o seu blogue no seguinte link:
Ainda sou do Tempo...

Podem ler os anteriores artigos desta rubrica nos seguintes links:
Os Comics e os Anos 90: Image Comics - Youngblood
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - A Morte do Super-Homem
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - A Queda do Morcego
Os Comics e os Anos 90: Crossovers entre várias Editoras 
Os Comics e os Anos 90: Dark Horse - Hellboy
Os Comics e os Anos 90: Marvel - Onslaught 
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - Elseworlds: Golden Age
Os Comics e os Anos 90: Marvel - Heroes Reborn 
Os Comics e os Anos 90: Wizard Magazine
Os Comics e os Anos 90: Marvel - Os Monos da Marvel
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - Hal Jordan: Ascensão, Queda e Redenção
Os Comics e os Anos 90: Alex Ross
Os Comics e os Anos 90: A Falência da Marvel
Os Comics e os Anos 90: Top Cow - The Darkness & Witchblade
Os Comics e os Anos 90: DC Comics - Sidekicks
Os Comics e os Anos 90: Marvel - New Warriors
Os Comics e os Anos 90: WildStorm - Planetary & Authority
Os Comics e os Anos 90: Substitutos
Os Comics e os Anos 90: Vertigo - Origens
Os Comics e os Anos 90: Swimsuit Editions
Os Comics e os Anos 90: As Sagas que toda a gente quer esquecer...
Os Comics e os Anos 90: Novos universos de super-heróis
Os Comics e os Anos 90: Top Cow - Fathom

Boas leituras

18 comentários:

  1. Bom artigo.

    Pessoalmente acho que a Infinity Gauntlet é um dos melhores eventos de super-heroes escritos até hoje.

    Infinity Wars é porreiro mas não atinge o excelente. Já se arrasta um pouco.

    O ultimo capitulo, nunca li, mas um dia terá que ser.

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  2. Só li a Infinite Gauntlet, por isso as minhas memórias são muito boas deste épico espacial.

    Já agora, acho que havia outro posterior que era sobre o heart of the universe, algo mais poderoso ainda que a Gauntlet. Acho que o título é the end. Tb do Starlin e muito nesta onda. Lembro-me que o Thanos derrota o living tribunal

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  3. Muito boas memórias tenho do Infinity Gauntlet e desta fase do Silver Surfer e do Thanos. Sem dúvida um épico que seria ainda mais relevante se o George Pérez tem terminado a mini-série... o Ron Lim apenas retirou qualidade, apesar de ter cumprido. Mas história é realmente o que sobressai deste evento. Mas esqueceste-te de mencionar a mini Thanos Quest (Thanos - em Busca de Poder pela Abril), também escrita pelo Jim Starlin, e que antecede Infinity Gauntlet e saiu ao mesmo tempo dos títulos de Silver Surfer. Está directamente ligada e na origem da trilogia Infinity, e em termos de história também é muito boa (bem melhor que as duas restantes minis de Infinity). A única questão é mesmo ser desenhada pelo Ron Lim, mas parece-me que a arte-final aqui teve algum impacto na melhoria da arte. Honestamente não me recordo se saiu em Portugal esta mini pela Abril (no Brasil também teve dois números), eu acabei por comprar uma compilação de reunia os dois números, mas em papel tipo-jornal há muitos anos atrás.

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  4. Loot, acho que te estás a referir à mini Marvel Universe: The End, de 2003, escrita e desenhada pelo Jim Starlin. Não me lembro de a ter lido (a partir de determinada altura começam a ser poucas as histórias que nos deixam "marcas")... mas pelas críticas que me lembro, foi uma mini-série de qualidade mediana. Nada comparada do início do Infinity Gauntlet ou mesmo de Thanos Quest.

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  5. Sim é essa eu disse que achava que se chamava "the end" :P

    Já a li há imenso tempo, era uma série que vinha na mesma lógica desta e nesse sentido não trazia quase nada de novo. Mas sinceramente não me lembro de muito dela.

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  6. Por acaso essas mini series em especial a ultima foi uma das ultimas coisas que comprei antes de abandonar os comics de vez Marvel e Dc ficando só com essa mini e as Mensais do Aranha.
    Desafio Infinito até foi a única serie compilada em encalhernado na época.O que eu gosto nessas histórias é a evolução de Thanos de Mau da história evolui para um personagem acima do bem e do mal.A fase do Surfista em Sam também é muito boa.
    Dinis i Thanos Quest (Thanos - em Busca de Poder pela Abril),nunca chegou as bancas daqui.Apesar da Publicidade.

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  7. Rui Esteves
    Também gostei muito de Infinity Gauntlet!
    Das melhores sagas cósmicas dos comics.
    As subsequentes, bem... Infinity War não é mau, Infinity Crusade é a mais fraca das 3...
    :)

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  8. Paulão Fardadão
    Acho impressionante alguém dizer uma coisa dessas sem nunca ter lido!
    :|

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  9. Loot
    Infinity Gauntlet deixou boas memórias a toda a gente que leu. Quanto à outra de que falas, concordo com o Dinis. Mediano.
    :D

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  10. Dinis
    Ron Lim fez aquilo que lhe pediram, claro que a qualidade dele não se compara a Perez...
    Alguém tinha de acabar aquilo, e já que ele estava ali à mão... lol
    Também gostei muito de Thanos Quest, não sabia que tinha saído pela Abril.
    ;)

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  11. Optimus
    Tenho Infinity Gautlet compilada num "maxi-formatinho", mas decididamente a versão original tinha de ser comprada, foi o que fiz.
    Thanos Quest nunca a vi na realidade publicada por cá, o Dinis diz que foi pela Abril, resta saber se chegou cá alguma coisa...
    ;)

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  12. Independentemente da qualidade dos argumentos, o Ron Lim é daqueles artistas que fazem-me querer pousar logo uma BD. A sério, eu sei que ele não é horrivel, mas só tem trabalho porque os comics precisam tanto ou mais de tipos rápidos e genéricos do que de bons desenhadores. Eu sei que há muitos piores, mas não sei, parece-me tudo tão... banal. Bleargh.

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  13. Luis Sanches
    A mim não me faz grande confusão o Lim. É mediano e minimamente cumpre com o que lhe é pedido. Outros já me fazem muita confusão...
    :D

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  14. Gosto da Saga do Infinito, Jim Starlin mandou muito bem. Apesar de também preferir a primeira parte da saga, gosto das outras duas, mas nunca li a quarta parte. Ótimo texto Hugo Silva.

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  15. Guy Santos
    Olha, estás como eu!
    Nunca li a 4ª parte!
    LOL
    :D

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