Quinta-Feira (amanhã) vai sair o segundo volume desta excelente colecção. E sim, agora vamos a coisas mais sérias!
(E bolas... a capa tem mamilos, espero que o Blogger e o Facebook não se importem...)
:D
Eu estava para falar um pouco deste livro, estilo uma apresentação, mas não vale a pena. A informação recebida da Levoir sobre este livro é extensa e completa!
Vou só queixar-me de uma coisa. Estou a editar o que escrevi antes, em que pensei que a culpa da redução de tamanho era da Levoir. Não, é mesmo da Humanoides que ao editar o integral desta obra (são 3 volumes num só) reduziu o tamanho. Acho isto infeliz. Pronto. É a minha opinião que gosto de grandes formatos.
Bom... fiquem então com a informação da editora:
A LOUCA DO SACRÉ-COEUR
Alejandro Jodorowsky e Moebius
Alain Mangel, professor de filosofia na Sorbonne, é seduzido por uma das suas alunas, Elisabeth. Possuída por verdadeiros delírios místicos, ela arrastará o professor para um furacão de acontecimentos inesperados e delirantes que irão pôr à prova a racionalidade de Mangel. Paródia mística, farsa sagrada, caminho iniciático, exorcismo, o percurso do protagonista vai levá-lo a abrir os seus olhos para outra realidade.
Alejandro Jodorowsky é um dos nomes mais importantes do teatro e cinema dos finais do século 20, um escritor e artista ligado ao surrealismo e a muitos vanguardismos. Criador, com Topor e Arrabal, do grupo de performance surreal Mouvement Panique, autor de filmes tão marcantes como El Topo ou Santa Sangre, Jodorowsky viria a enveredar por caminhos mais místicos, como o "psico-xamanismo" que criou, mas sem nunca cair na loucura, como o seu herói Antonin Artaud, a quem foi buscar muita da sua inspiração. Com um currículo deste calibre, pode parecer surpreendente que ele seja também conhecido como um dos maiores autores de banda-desenhada de sempre, uma carreira que iniciou nos anos 1980 depois do seu encontro com Jean Giraud, mais conhecido como Moebius, o outro criador que assina este álbum, A Louca do Sacré-Coeur.
Esse encontro deu-se por causa dos filmes de Jodorowsky. Depois de ter feito El Topo - geralmente descrito como um "western on acid" - Jodo (como é muitas vezes chamado) mudou-se para os EUA, onde realizou Holy Mountain, outro filme complexo e esotérico que lhe granjeou enorme fama na cena underground de Nova Iorque. Jodorowsky foi então convidado para realizar aquela que ele queria que fosse a sua obra-prima, a versão cinematográfica da saga de ficção-científica de Frank Herbert, Dune. E foi durante a pré-produção deste filme que conheceu Moebius, na altura em plena fase da revista Métal Hurlant... e, como se costuma dizer, o resto é história. A produção de Dune falhou completamente - Salvador Dalí tinha aceitado aparecer no filme no papel do Imperador Corrino, e pedia 100,00$ por minuto que aparecesse no ecrã, a música tinha sido encomendada aos Pink Floyd e a Stockhausen, Orson Welles ia fazer de Barão Harkonnen e muitas outras loucuras em que Jodorowsky gastou mais de 2 milhões de dólares, só em pré-produção - mas a amizade de Jodo com Moebius continuou, e resultou na publicação em 1981 do primeiro álbum daquela que seria uma das mais aclamadas e mais vendidas séries de banda-desenhada de sempre, O Incal.
"Um dia, uma jovem que assistia a um dos meus cursos de tarot veio falar comigo depois da aula, ela e mais duas amigas, todas atacadas por algum tipo de loucura colectiva. Pediu-me que eu lhe fizesse um filho! Dizia que eu era Zacarias e queria gerar comigo um novo João Baptista."
- Jodorowsky
Mais de uma década depois, Jodorowsky e Moebius voltariam a colaborar neste fantástico Louca do Sacré-Coeur, em que Moebius volta a um registo de desenho mais próximo da linha clara franco-belga, mas em que aparecem sempre que necessário os momentos surreais e futuristas que fizeram a sua fama em O Incal. Depois de anos em que enalteceu a via mística e da loucura sagrada, Jodorowsky assinou este argumento que é crítica da religião dominante, revisitação da Imaculada Concepção em versão comédia louca, e ao mesmo tempo busca que a sua personagem central vai fazer por uma verdade mais profunda. Jodorowsky ri-se simultaneamente da filosofia ocidental e séria, da universidade, do misticismo selvagem, da religião, do New Age e faz uma paródia de Carlos Castañeda, num livro que é um marco na carreira destes grandes autores, e ao mesmo tempo uma das suas obras mais singulares.
Drama, religião, sexo, você goza com tudo neste livro, no fundo?
"Claro, mas a história acaba numa nota muito positiva. Vemos como é que um homem, saído da tradição do intelectualismo europeu e roubado das suas emoções e dos seus instintos, vai encontrar circunstâncias que o atiram para um mundo mágico - que também é o mundo da loucura - e como esse homem, que não tem meios para se defender nessa dimensão, e que se torna rapidamente numa vítima, vai finalmente descobrir quem é, e com essa descoberta vai recuperar os valores mais profundos que tinha perdido. E, no fim, o milagre acontece. E é uma conclusão lógica: a trilogia é toda ela uma apologia do milagre. Quando o amor existe, o milagre acontece..."
- Jodorowsky
Originalmente publicada em três volumes - La Folle du Sacré-Coeur (1992), Le Piège de l'Irrationnel (1993), Le Fou de la Sorbonne (1998) - a trilogia viria a ser mais tarde baptizada com o nome de Le Coeur Couronné, O Coração Coroado. A versão editada pela Levoir/PÚBLICO segue a recente edição integral francesa no formato (mais próximo do americano) e no nome, mantendo o título do primeiro álbum, pelo qual a história é mais conhecida.
Quanto a Jodorowsky, recomendamos a todos os seus fãs que vejam o fabuloso documentário que Frank Pavich lhe dedicou, Jodorowsky's Dune: The Greatest Science-Fiction never made, cujos trailers são fáceis de encontrar no YouTube, bem como uma genial entrevista chamada Alejandro Jodorowsky on "The Dance of Reality" and the healing power of art.
Boas leituras
Em resposta à pergunta, seguimos a edição integral francesa mais recente (o formato em que nos mandaram as imagens), que é de 20 x 28cm (a nossa é, 19 x 26 cm, por questões de papel e aproveitamento). Foram os Humanoides que mudaram para este formato há bastante tempo.
ResponderEliminarJosé Freitas
ResponderEliminarObrigado pela informação, apenas comentei e fiz aquelas perguntas porque essa redução é mencionada na nota de imprensa e percebi erradamente que o redimensionamento tinha sido feito pela Levoir para esta edição! Sorry. Vou editar. A versão integral francesa é de 20x27.
;)
Olha o texto. A N.Grf. com o Píblico, sai às quintas...
ResponderEliminarEsse 1 dos poucos que talvez compre.
ResponderEliminarPCO
ResponderEliminarThanks, editei logo quando falaste nessa minha gaffe no Facebook!
;)
Optimus
ResponderEliminarHá mais bem bons nesta colecção!
;)
Já comprei. O facto de ter 26cm de altura não um problema se o papel fosse usado, mas tem margens grandes em cima e em baixo. E a margem interior, a única realmente útil para se poder ver ver toda a página plana sem arqueamento, essa é minima.
ResponderEliminarInfelizmente este problema é recorrente em todas as edições em todo o lado, margens desperdiçadas em cima e em baixo e capadas no interior. Não podiam usar na horizontal o papel que desperdiçam na vertical? Enfim quando a cabeça não ajuda...
Mas neste caso isto apenas é problema maior no capítulo 3 (volume 3), nos outros dois o desenho é maior e embora não ótimo aceita-se.
Esta edição acaba ainda assim por ser excelente por ser o integral dos 3 tomos. Imperdível.
O Miúdas da ASA tb saiu como integral em mini-formato, nesse caso 24 cm.
As margens são as normais num livro deste tipo, e são as que nos chegaram da edição integral francesa - 1cm à esq. e dta., 1,70cm em cima e 2cm em baixo. Aumentar a mancha das pranchas ia tornar a apresentação do livro na horizontal (esq. e dta.) desproporcionada. Ou seja,não se consegue usar a margem superior e inferior porque não há grande espaço de lado, mas isso, como diz, é o normal nestas edições em formato híbrido entre franco-belga e US.
ResponderEliminarO capítulo 3 tem todas as marcas de ter sido feito à pressa, e condensando material de dois álbuns num só - basta ver que nos capítulos 1 e 2 a planificação é feita em três segmentos por páginas (por vezes de tamanho desigual) e no capítulo 3 é de 4 e em muitas páginas de 5. Mas a verdade é que se lê bem na mesma, a falha é dos autores (ou editores originais) que condensaram a história muito.
A nossa edição é ligeiramente mais pequena que a original francesa (19 x 26,50c, versus 20 x 28cm) mas mantém as mesmas proporções do original.
Jose Freitas, obrigado pela resposta. Pois eu sei que isto das margens é o normal nestas edições em todo o lado, o que não signifca que não seja totalmente errado e desprovido de sentido.
ResponderEliminarNão percebo o que quer dizer com "ia tornar a apresentação do livro na horizontal (esq. e dta.) desproporcionada." Está a referir-se à proporção do livro quando fechado? Isso tem alguma importãncia?
As margens verticais, pelo menos a superior, não servem para nada, são puro desperdício de papel. A margem interior é fundamental devido ao encadernamento que implica as paginas arqueadas junto à lombada.
Mesmo sem a questão da lombada, não há razão nehuma para as margens horizontais serem menores e castrarem o tamanho do desenho.
Mais uma vez, isto é o procedimento generalizado, e por isso a única coisa que pode ser imputável à Levoir é não corrigir o que todos fazem mal, mas não posso deixar de me queixar com um procedimento tão sem sentido e castrador.
E volto a reafirmar que a edição é excelente, a não perder.
Estava só a dizer que para aumentar a prancha na página, teríamos de a aumentar em todos os sentidos, e ia ficar mal porque à esq. e à dta. a prancha ia QUASE encostar à borda da página, e em cima e em baixo ia continuar a ter uma margem. As proporções da mancha na pg. em branco iam estar todas erradas e ficavam mal.
ResponderEliminarCerto. O que precisa de ser mudado é aumentar a dimensão horizontal do papel, que pode ser feito não gastando mais papel, diminuindo a dimensão vertical, embora o ideal fosse aumentar a horizontal e manter a vertical.
ResponderEliminarDepende do plano em que o papel é impresso. Um plano leva 16pgs ou 24pgs (não me lembro que tamanho de cadernos esta colecção leva, até é capaz de ser tamanhos diferentes) e para se conseguir um preço bom manda-se fazer o papel, ou seja: o papel vem feito para uma certa proporção de página dos livros e um certo tamanho. Aumentando, p.ex. um cm a página na horizontal pode-se estar a aumentar 4 ou mais no plano, e ode não caber. Os planos são proporcionais às pgs, não são quadrados. Para esta colecção foi preciso fazer planos de tamanhos diferentes, porque os formatos são diferentes, se não se aproveita o tamanho max do plano, desperdiça-se papel - o papel é pago ao quilo, pelo que se tenta fazer planos o mais próximo possíveis do que vai ser realizado.
ResponderEliminarNão sei se neste caso era possível aumentar na horizontal. Ou posto de outra forma, provavelmente a única forma de aumentar a mancha da prancha era chegar muito essa mancha à margem, o mais certo era os planos não permitirem o aumento do tamanho da página em si (por exemplo, para 20 ou 21cm). Não sei, honestamente, não são decisões que me cabem a mim.
É mais complicado do que parece planear uma colecção destas. Numa colecção como uma Marvel ou DC, é mais pacífico. Manda-se fazer os planos de maneira a que caibam as 16 páginas à conta na folha do plano, só deixando as margens para a borracha da máquina agarrar o plano. Como os livros seriam todos do mesmo tamanho faz-se papel para todos duma vez. E poupa-se dinheiro por comparação com uma colecção como esta, em que é preciso mandar fazer três tamanhos de papel diferentes.
Excelente livro. a minha opinião, muito superior ao 'Contrato com Deus'.
ResponderEliminarPCO
ResponderEliminarAdorei este livro, e claro, como dizes é muito superior ao anterior.
Aliás, nesta colecção presumo que todos sejam superiores ao histórico "Contrato com Deus".
;)
Não percebo a opção da tradução de não traduzir, nem que seja como nota de rodapé, as frase em inglês.
ResponderEliminarNão que seja um inglês muito complicado, mas se estar uma tradução deve levar o trabalho até ao fim, isto soa a desmazelo
Eugen_Robick
ResponderEliminarDesmazelo não acho que tenha sido. Presumo que no original em francês também não esteja traduzido, e quem teve o trabalho de editar a obra tenha passado por cima da meia dúzia de frases inglesas, e mais do que em inglês, frases castelhanas (as quais não referiu mas são mais que em inglês) porque na versão original assim o era (não tenho a certeza disso). Mas de qualquer modo podiam ter feito o tal asterisco para o final da página, embora eu ache que o que se fala ali em inglês e em castelhano é bem compreensível, mesmo para quem não conheça a língua.
:)