sexta-feira, 30 de março de 2012

A Palavra dos Outros: Absolute Hush por Hugo Silva

Hugo Silva traz-nos hoje Batman. O livro é um magnífico Absolute e tem o título "Hush".
Esta obra teve um pouco de polémica, e não percebo porquê... houve muita gente que não gostou da estória, mas esta sem ser nada de extraordinária, é um bom momento de super-vilões, com uma galeria muito completa de maiores inimigos de Batman, mas ao mesmo tempo tempo trazendo um novo que vai influenciar as estórias de Batman até arcos bem recentes.
Mas a grande mais valia deste livro é a arte simplesmente brutal de Jim Lee! Só isto vale muito a pena.
E os portugueses puderam, ou tiveram a hipótese, de apreciar este título (ou não) com a edição da Devir em cinco TPBs. Fiquem com as palavras de Hugo Silva!

Absolute Batman Hush

Batman é uma das melhores personagens da BD, tem um design apelativo, uma personalidade forte e uma galeria de personagens repletas de carisma. Quando uma super estrela do desenho, como Jim Lee, se une a um argumentista, Jeph Loeb, que já tinha escrito uma boa série de histórias com o Morcego, é normal que toda a indústria entre num frenesim total e os fãs salivem à espera do resultado final.

Lembro-me que gostei bastante do arco “Hush” na altura em que saiu e que, para mim, correspondeu às expectativas. Lee fez umas mexidas no design dos uniformes, o que resultou num visual mais colorido do que estávamos habituados no universo de Gotham City, e em conjunto com o argumento cheio de acção e movimento criou uma série de histórias emocionantes, com mais ênfase no visual do que na qualidade do argumento. Mas não que isso seja uma coisa má, muito pelo contrário.

Andei a ler o Absolute Batman Hush e quando se pode ver a arte do Lee em toda a sua plenitude, tudo ganha uma outra dimensão. A história começa logo a chamar a atenção do público, com uma luta tremenda entre o Batman e o Killer Croc e, enquanto recuperamos o fôlego, levamos logo com mais duas personagens renovadas, a Catwoman e a Posion Ivy.

A segunda história mostra o morcego completamente imobilizado no chão, no famoso beco do crime depois de uma queda das alturas, rodeado de facínoras a quererem acertar contas com ele até este ser salvo pela Huntress num novo uniforme que, curiosamente, tinha um estilo bastante clássico. É o próprio Bruce Wayne que dá a entender, via código Morse com os seus dedos, que quem o devia salvar e o operar, seria um amigo de infância, o Dr. Thomas Elliot.

Nos seguintes capítulos vemos intercalados flashbacks da infância dos dois, de modo a conhecermos melhor a sua relação, e a procura do Batman pela verdade sobre o rapto da história inicial. Para além disso temos o aprofundar da sua relação com a Catwoman, que ganhava contornos nunca antes vistos. Loeb e Lee levaram o inuendo sexual de décadas a uma consumação que mudaria em muito a vida do herói.

Os desenhos de Lee não podiam ser desperdiçados só com vilões, e por isso aparece em cena o maior herói de todos, Superman, em mais uma luta em que o morcego leva a melhor. Harley Quinn, Joker, Jim Gordon, Nightiwng, Robin, Talia e Ra's ghul são apenas algumas das personagens que aparecem em catadupa, página após página com a simples intenção de nos chocar e nos deixar sobressaltados sobre qual seria o próximo.

O plot principal de tentar descobrir quem estava por trás de tudo, era apenas uma desculpa para nos mostrar a quase totalidade da galeria de vilões do Morcego. Quase todos eram usados como peões pelo vilão que tinha engendrado este plano maquiavélico, que chegava ao ponto de mostrar um duas caras curado após uma operação plástica e com vontade de voltar para o lado dos bons. As coisas ganharam outros contornos quando de repente damos de caras com um Jason Todd crescido, e aparentemente de volta do mundo dos mortos, até percebermos que era apenas o Cara de Barro, personificando um Jason mais velho, seguindo o plano que o Batman tanto queria descobrir.
As imagens são sempre muito intensas, quando não há uma luta há sempre uma imagem pin up que gostaríamos de ter num quadro em tamanho maior. Desde cenas isoladas como o Batman a beijar a Catwoman, a quadros isolados entre os quadros de uma luta intensa.

No final percebemos como o vilão é alguém novo, e como um vilão antigo é afinal mais inteligente e perigoso do que aquilo que aparentava. A cena final é interessante mas como que tira alguma da lógica de todo o arco de histórias, algo comum em Loeb, apesar de ter gostado bastante deste upgrade ao Riddler. Para quem se quer divertir e se deliciar com uma arte dinâmica, Hush é o livro ideal para se ler, ver e babar com a arte.


Tenho de agradecer a disponibilidade de Hugo Silva para colaborar neste blogue, já é a 5ª participação deste apreciador de Comics, e em que regularmente de mote próprio vai enviando textos e ilustrações.
Podem também visitar o blogue dele  em que a nostalgia é rainha: Ainda Sou do Tempo...

Obrigado Hugo Silva!

Boas leituras

9 comentários:

  1. O Batman é um dos personagens mais adorados dos quadrinhos, os desenhos de Lee são lindos

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  2. Guy Santos
    É o melhor desta saga, a arte de Jim Lee no seu melhor!
    :)

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  3. Sem duvida o Morcegão é dono dos roteiros mais inteligentes dos quadrinhos de super-heróis, e ainda com a arte do grande Lee, é um material que deve ser não só lido, mas apreciado por todos. Ótima resenha.

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  4. Eu curto esse arco, J Loeb sabe juntar muitos personagens numa mesma história e mostrar suas qualidades e interligações de forma competente, quando o assunto é concluir tudo, ele escorrega um pouco no meu ver. Jim Lee por outro lado aqui está maravilhoso (ao contrário do que tem feito ultimamente em Liga da Justiça) e essas edições são um espetáculo aos olhos. Hush foi um bom novo vilão, o novo visual da Caçadora foi uma ótima surpresa e finalmente a tensão sexual entre a Mulher Gato e o Morcego sair do psicológico e se realizar no físico, aconteceu finalmente. Agora, ver um Super-Homem levar uma surra do Batman nào tem preço! (pela segunda vez!) nos quadrinhos.

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  5. Tadeu Elias
    Também gostei da resenha do Hugo Silva. Mas gostei mais do livro pela arte! A estória tem algumas falhas...
    :)

    Venerável Victor
    Tou de acordo contigo quando dizes que a estória falha, sobretudo no final. Mas a colecção de vilões e heróis apresentados em grande estilo supera isso!
    Claro que ver o morcego a dar uma surra a um tipo que o pode matar só com o olhar... é épico! LOL
    A parte Gata/Morcego ficou bem conseguida, assim como o novo vilão Hush!
    ;)

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  6. Também gostei da resenha. A arte é boa, sim... Mas a estória também! Bom, pelo menos eu achei! Sinto falta da fase pré-Reboot da DC, embora não tenha mudado quase nada no Batverso.

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  7. Tarcísio Aquino
    É como dizes, em Batman não mudou quase nada na cronologia pós 52.
    Esta obra tem arte muito boa e a explodir neste formato "Absolute"!
    :)

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  8. Embora não tenha sido uma realmente épica saga do homem morcego, gostei bastante de Hush e a arte de Jim Lee é impecável.

    Grande resenha, parabéns. 8)

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  9. Pensador Louco
    Também não acho que tenha sido épica, mas como dizes, lê-se bem! Só o final é que foi um pouco "méh"...
    Jim Lee no seu melhor é sempre bom de apreciar!
    ;)

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