quarta-feira, 25 de julho de 2012

A palavra dos Outros: Legends por Hugo Silva


Hugo Silva traz-nos os anos "80" de novo, desta vez "Legends".
Série importante no seu tempo, visto que serviu de rampa de lançamento para uma série de novos títulos desta editora, a DC Comics.
Fiquem com o Hugo Silva!


Legends

Depois da mega saga Crise nas Infinitas Terras, a DC decidiu lançar uma mini-série em 6 edições que ajudasse a cimentar as mudanças que foram feitas nas origens de alguns heróis, e ao mesmo tempo lançar novas séries que ajudaram a relançar o novo universo da editora.

Nos desenhos iríamos ter a super estrela canadiana John Byrne, que estava a começar uma grande reformulação em Superman, enquanto que no argumento os competentes Len Wein e John Ostrander deram bem conta do serviço, sendo que Karl Kesel completava a equipa criativa, colocando a tinta por cima do lápis de Byrne. Foram 6 edições desde Novembro de 1986 a Maio de 1987, que podiam ser lidas individualmente como uma versão condensada de todos os acontecimentos, ou então podiam-se ler em conjunto com os tie-ins que foram publicados nas diversas revistas da companhia fazendo esta série ter afinal cerca de 22 capítulos.

A primeira vez que li isto foi na mini série que a editora Abril lançou, onde colocou alguns desses 22 capítulos em conjunto com os 6 números da mini, ajudando a compreender um pouco melhor a história. Para além disso, conseguimos ler os capítulos passados no título do Superman onde Byrne caprichou na arte, e colocou o nosso herói em alguns apuros provocados pelo principal vilão desta saga, o Deus
Darkseid. É daquelas histórias que tenho em mais que uma edição, já que tenho também o TPB original e o Brasileiro da Panini. É de lamentar que em ambos os casos, não estejam reunidas as histórias do Superman, e seja preciso para isso adquirir o segundo volume dos TPB Man of Steel. São bastante aconselháveis, já que podemos ver um Superman a ser controlado mentalmente por Darkseid e vestido como um gladiador Romano, o que origina umas páginas fantásticas do fenomenal John Byrne.

No início vemos Darkseid a apostar com o misterioso Vingador Fantasma em como iria conseguir que a humanidade se virasse contra os seus heróis, e para isso iria utilizar um dos seus súbitos: o Glorioso Godfrey. Este Deus tinha o dom da palavra, conseguia com os seus discursos incentivar as pessoas ao ódio e mal chegou ao planeta Terra começou a espalhar esse discurso por diversos programas televisivos, e em discursos perante grandes plateias completamente viciadas neste carismático personagem.

Mas Darkseid sabia que só os discursos não seriam suficiente, e então arranja esquemas e cria vilões para complicar a vida aos nossos heróis. Envia uma criatura com poder suficiente para dar muito trabalho à debilitada Liga de Justiça (versão “Detroit”) e arranja forma de um ingénuo Capitão Marvel ser acusado da morte de um vilão, e deixando-o assim preso no seu alter-ego Billy Batson, indefeso perante as acusações e traumatizado com todos estes acontecimentos.
A arte de Byrne dava um grande dinamismo à saga, e a história era feita de forma a dar destaque a todos os sub-plots que aconteciam, para além de nos prender com alguns momentos emocionantes como o espancamento do Robin por uma multidão enfurecida, ou ver o Superman a encontrar-se com o presidente Ronald Reagan e este a pedir para todos os heróis pararem com as suas actividades.

Foi aqui que o plano de Darkseid ganhou fôlego e onde os argumentistas aproveitaram para nos darem a conhecer um novo grupo, o Esquadrão Suicida e a sua chefe, a impetuosa Amanda Waller. Esta equipa de vilões ajudou a colmatar a falta que os heróis faziam, mas rapidamente alguns heróis começaram a quebrar a directiva do Presidente, sendo que se dava destaque a personagens que iriam aparecer na nova Liga da Justiça como era o caso do herói Besouro Azul. No final vemos o Sr. Destino a entrar em acção e convocar um grupo de heróis para ajudar a proteger a cidade de Washington da horda de lunáticos controlados por Godfrey, e de como foi preciso a ajuda das crianças (que não eram afectadas pelos seus discursos) para o deter. Foi quando este perdeu o controlo e deu um estalo a uma criança, que o resto da multidão se libertou do seu controle e as coisas começaram a voltar ao normal.











Foi a série que ajudou a lançar as novas revistas do Flash, do Esquadrão Suicida e da Liga da Justiça de Giffen e DeMatteis, para além de ajudar a percebermos melhor a nova posição da Mulher Maravilha e do Capitão Marvel no universo DC pós-Crise. É bastante aconselhável a todos que gostem da arte de John Byrne e de uma história agradável, ajudando a entender melhor o Universo DC daquela altura.

Texto por Hugo Silva

Como é de costume, convido-vos a visitar o blogue do nostálgico Hugo Silva: Eu Ainda Sou do Tempo...
Para lerem os outros textos do Hugo Silva no Leituras de BD basta clicar em cima do nome dele, e para verem melhor as imagens mais pequenas, só têm de clicar em cima delas!
:D

Boas leituras

23 comentários:

  1. Legal! John Byrnes possui uma arte fantástica!

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  2. Byrne quando era bom. Li alguns capítulos, inclusive esse do Super vestido de gladiador romano, apesar de na altura ter uma alergia infantil ridícula à DC. É possível que esta tenha sido a primeira vez que vi o Darkseid, hoje em dia um dos meus vilões preferidos, seja qual foi o universo.

    Em alguns aspectos, não posso deixar de notar uma tentativa de Marvelizar a DC. Obviamente que os refugiados do regime Shooter (Wolfman, Wein, Thomas ou Broderick) já trabalhavam para a DC na época, mas a chegada de Byrne e o semi-reboot impostos pela Crise permitiram transformar o universo DC num local menos seguro para os seus heróis.

    Por outro lado, o Esquadrão Suicida foi uma hipótese da DC evitar completamente a "superheroização" do seu universo, ao contrário da Marvel, que na altura praticamente parou com propriedades alternativas. E, à falta de um análogo ao Justiceiro ou ao Wolverine, puderam entrar na onda grim 'n' gritty.

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  3. Na altura era o Adrian Chase, Vigilante, o mais perto do Justiceiro lol, boas histórias e um conceito visual muito interessante.

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  4. Bom texto Hugo!
    Esta é realmente uma boa mini-série para compreender o universo DC da altura. Li-a nas revistas da Abril, que ainda guardo, e mais tarde no tpb original.

    E referes no comentário o Vigilante, que é uma das minhas personagens e séries favoritas da DC, de sempre.

    Quanto à Marvel na altura começou a publicar através da Epic: Blood, A Tale, obras de Moebius, Stray Toasters, o Marshall Law entre outros, séries bem alternativas, e tínhamos Sienkiewicz e Barry Smith nos super-heróis, provando que uma editora mainstream poderia arriscar e alargar os horizontes editoriais, tal com fez a DC por esses anos.

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  5. Pois é, acho que nesta altura gostava bastante da DC. O Esquadrão Suicida à partida tinha tudo para eu não apreciar muito (na altura ligava era a tipos bem poderosos), mas a verdade é que fiquei agarrado durante uns tempos ao Esquadrão.
    Havia um tipo de cinismo no ar que eu nunca tinha visto em BD (foi há muito tempo e era puto :). Aquela coisa de terem de ser obrigados a irem para as missões e além disso pensarem muitas vezes só na sua própria pele e não na sua equipa, (acho que isso depois mudou) contrastava com as outras equipas que conhecia na altura.

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  6. Obrigado Guy e Obrigado André.

    Eu adorava o uniforme do vigilante, e depois aquelas gadgets como a Mota artilhada eram muito bem pensadas.

    Luis, o Esquadrão era a companhia perfeita para a revista da Liga. Um dos melhores trabalhos do Ostrander.

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  7. Eu esta série nunca acompanhei como deve ser... comprei da Abril dois números que não eram seguidos, e não eram nem o 1º nem o último...
    Nem sei se dá para conseguir arranjar um TPB disto... Ainda vou investigar! Parece-me que é importante para a minha cronologia DC!
    ;)

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  8. Muito bom artigo. Parabéns, Hugo. Pôs-me, mais uma vez a pensar porque raio é que antes se tinha acesso a comics americanos à fartazana nos quiosques e agora, é o que se vê. Vá lá, a colecção da Marvel do público vem tentar minimizar a situação...mas o que é facto é que nem as importadas da Panini chegam a todo o lado. E, pasme-se, não fazem parte do catálogo da Panini portuguesa. Enfim.

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  9. Lendas foi bem legal na época.
    Tinha a mini série, mas acabei vendendo. Agora tenho só o encadernado que saiu depois no Brasil.
    Muito legal.
    Meu, tem um banner pra mim colocar lá no meu Blog?
    www.palitosnerds.blogspot.com

    Valeu

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  10. João Figueiredo
    Bem, já teve pior em relação às revistas de super-heróis nas bancas, agora já se vê alguma coisa... há 3 ou 4 anos não havia mesmo nada. Aqui a distribuição destas revistas da Panini tardou, mas veio para ficar! Tem havido sempre, felizmente, mas já ouvi falar que há sítios onde não chega.
    :\

    Tiago
    Bem vindo aos comentários do Leituras de BD!
    :)
    Não há problema nenhum em fornecer banner, até agradeço!
    :D
    Tens FB?
    :)

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  11. Boas noites, dei com o seu blogue há pouco, após umas pesquisas relacionadas com tradução de BD (desculpe o off topic) e estou a gostar bastante. Relativamente a este post, lembro-me disto mas em português do Brasil. De facto, o traço de Byrne na altura destacava-se imenso,lembro-me particularmente dele desenhando o Super-Homem e o Quarteto Fantástico.

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  12. desconhecia e fiquei muito curioso. há hardcovers ou TPBs que reunam isto?
    Obrigado

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  13. never-ending-spleepy-eyes
    Existe um TPB, mas já está a preços estúpidos... vou deixar o link do Amazon, mas o melhor é procurares no Ebay, ou em lojas da especialidade portuguesas porque de vez em quando estas pérolas até estão em preço de saldo...
    LOL
    http://www.amazon.com/Legends-The-Collection-John-Ostrander/dp/156389095X/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1343250058&sr=8-1&keywords=Legends+Byrne

    ;)

    Pedro Ferreira
    Bem vindo aos comentários do Leituras de BD!
    :)
    Byrne foi uma pedra basilar nos comics, e fez alguns trabalhos memoráveis!
    Hugo Silva é fã, esta crítica vem de encontro a isso!
    Convido-te a "gostar" da página Leituras de BD no Facebook. Por vezes ponho lá coisas que não saem aqui! (Isto para o caso de teres FB, claro...)

    http://www.facebook.com/Leituras.de.BD

    ;)

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  14. John Byrne era genial como artista en los 80s.

    Leí Legends hace tiempo, y sí, es una historia entretenida. Pero lo mejor, sin duda, es el arte de John Byrne (y el origen del nuevo Suicide Squad).

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  15. Sou fã desta história!!! Tambem a tenho em mais de uma versão!

    :D

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  16. Nunca li,mas tenho muito mais curiosidade com Odisseia Cosmica,o argumento de Lendas lembra muito a ultima temporada de Smallville.

    "Byrne quando era bom. Li alguns capítulos, inclusive esse do Super vestido de gladiador romano, apesar de na altura ter uma alergia infantil ridícula à DC."

    Super Gladiador só conheço este do ExilE NO Espaço,no Mundo Bélico de Mongul:

    http://www.fortressofbaileytude.com/wp-content/uploads/2010/07/Ad-Exile-2.jpg

    http://thehighhat.com/Marginalia/005/superman_punch.jpg

    http://www.comicshack.com/Images/SupermanVol228Superma19754_f.jpg

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  17. Len Wein e Ostranger estão no meu TOP 10 de argumentistas...Kesel pra mim é um dos maiores arte finalistas das comics (o cara consegue fazer até o Rapina e Columba do Liefeld daquela época ficar bonito) e o Byrne??? O cara nessa época estava no auge! Amo ele! Essa mini é a minha preferida de todas, todas, todas! Começar a nova DC daquela época com o universo do Kirby dos Novos Deuses foi genial e honroso! E de alguma forma foi repetido, de forma inferior, concordo, hoje em dia após o relaunch. Parabéns pela matéria!

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  18. A distribuição da Panini não funciona bem. E digo isto, porque a mesma não é uniforme. Se calhar, onde tu moras Nuno (creio que é na zona de Oeiras, não é?) a coisa até pode estar a funcionar bem. Mas na esmagadora maioria dos sitios não. Em primeiro lugar: A Panini de Portugal não tem nada disto (só as cadernetas), excluindo a Turma da Mónica. Essa sim, vê-se práticamente em todo o lado, e ainda bem. Em segundo lugar: As duas principais distribuidoras nacionais não têm a Panini em catálogo. Alguém que tenha um quiosque, não tem como encomendar BD (se usar apenas as duas distribuidoras, claro...mas são as que têm mais capacidade). Em terceiro lugar: Nem todas as lojas da especialidade dão atenção a estas publicações. Há muito preconceito em relação a português do Brasil. Em quarto lugar: A Panini era muito bem divulgada numa cadeia de papelarias existente em práticamente todos os centros comerciais grandes, que vai fechar portas, ou já fechou. Mas sim, há 4 ou 5 anos, ainda era pior.

    Grande Abraço

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  19. Posso dizer que no El Corte Inglés de Gaia as revistas da Panini chegam sempre todos os meses. É lá que as compro. Não estão todos os títulos disponíveis mas já é alguma coisa.
    Mas preferia que fosse uma editora/sucursal portuguesa a editar.

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  20. Lendas é um dos momentos épicos dos quadrinhos, principalmente quando se consegue juntar uma equipe criativa que na época estava em grande forma.

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  21. João Figueiredo
    Sim, também já ouvi algumas queixas. Mas existe uma maneira de contactar a distribuidora reclamando de que as revistas não chegam à respectiva localidade, ou então pedindo info à distribuidora do sítio mais perto onde se vendem.
    De qualquer modo a distribuição devia ser total!
    :)

    André Azevedo
    Aqui em Oeiras também não tem problema, felizmente!
    ;)

    João Roberto
    Foi mesmo uma grande equipa de criadores, fizeram coisas muitos boas nos comics!
    ;)

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  22. Lemnro-me de ter lido isto e não me aqueceu ou arrefeceu na altura..
    Apesar de achar o escritor muito bom e o Byrne não ser mau.
    Mas eu também nunca passei muita bola aos super-heróis:(
    (mesmo na minha fase de adolescente)
    Mas o artigo cumpre a sua função..

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  23. Ilvie
    O artigo está bom para quem gosta de super-heróis!
    :P
    Tu é que não gostas...
    :D

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Bongadas

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